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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Prefácio de "Diálogos"

Segue o prefácio do meu livro “Diálogos” (que será lançado em breve pela editora multifoco) feito pelo meu grande amigo e professor de novo testamento no STBDC, Márcio Simão.




PREFÁCIO

Logo que comecei a ler Diálogos, percebi que estava diante de um texto peculiarmente familiar. Não porque fosse algo rotineiro ou comum, mas sim porque os temas abordados em suas linhas lidam com questões humanas, enxergadas a partir de um ponto de vista bem humano também. As argumentações expostas neste livro não são fruto de uma intelectualidade vazia, mas sim de um olhar apaixonado pela vida, por Deus e pelo próximo. A partir deste olhar, Diogo consegue unir discursos filosóficos e teológicos à questões do cotidiano, que envolvem todos os seres humanos. Realiza, então, tarefa essencial a qualquer teólogo: encarnar sua teologia na vida. Nas palavras de Lutero, “não a compreensão, a leitura ou a especulação, mas o viver, ou melhor, o morrer e o ser condenado fazem um teólogo” .

Não é uma leitura simplória. Os textos são carregados de uma visão integral da vida, e, por isso mesmo, são humanos até o seu mais alto grau. Algumas palavras contidas nessas páginas podem incomodar, ou, até mesmo, machucar alguns ouvidos mais sensíveis. Mas não é essa a razão das palavras? Não se escreve para expor, através da letra, aquilo que está no fundo da alma? Para capturar, pela tinta no papel, imagens que não se pode descrever de outra forma? Para personificar sensações e sentimentos, sonhos e loucuras,anseios e dores?

Talvez, o grande mérito deste livro seja justamente sua honestidade, que se recusa a silenciar-se diante de quaisquer afirmações dogmáticas preconcebidas. Diogo faz do seu texto uma coletânea de pensamentos que insistem em não permanecer quietinhos, dentro da alma. Antes, se revelam claramente, como um caleidoscópio de imagens, uma cacofonia – curiosamente harmoniosa – de sons que gritam querendo ser ouvidos; de anseios secretos, choro escondido, alegria indizível que só pode ser sentida, mas que, ainda sim, insiste em ser chamada à existência pela beleza das palavras.

Quem desejar ler este livro não encontrará aqui respostas fáceis (mesmo porque, estas não respondem satisfatoriamente a nada nem a ninguém). Encontrará, ao contrário, novas perguntas. Questões que certamente o conduzirão a uma autocrítica, capaz de gerar bem e vida. E durante o processo de ouvir e fazer esses questionamentos, o leitor será convidado – de forma poderosamente sutil – a repensar sua vida, inclusive sua fé. Por essa capacidade de pensar e fazer pensar, Diogo merece elogios. Em nossa sociedade pós-moderna, de forças midiáticas massificadoras e imbecilizantes, são poucos os livros – e ainda menos, os autores – que seguem esta linha. Raros são os autores que, nas palavras de Arthur Schopenhauer, “pensaram antes de se pôr a escrever e escrevem apenas porque pensaram” .

E, em meio a tudo isso (e também no início e no fim de tudo), está Deus. O mesmo Deus que, nas palavras do autor, “se tornou homem para ensinar o homem a ser homem”. O mesmo Deus que chora com suas criaturas, que se alegra quando aos pequenos são revelados os segredos do Reino, e que grita, na cruz, seu binômio humano-divino: “Deus meu, por que me abandonaste? Está consumado!”.

Convido-o a ler estas linhas a partir de sua humanidade. Escrever é um processo humanizador, pois abrem-se as janelas da alma para se aproximar do próximo. Ao transformar pensamentos em palavras, o autor percebe que não é um solitário. E seus leitores, de repente, notam que não são os únicos, seja em suas alegrias, seja em seus sofrimentos. Palavras – ditas ou escritas, tanto faz – se encontram e se abraçam mutuamente. Esta é a força deste livro.

Boa leitura!

Márcio Simão de Vasconcelos.
Professor de Novo Testamento no Seminário Teológico Batista em Duque de Caxias.

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