Tornar novo o que outrora era velho, e velho o que acabou de ganhar vida. Característica pouco debatida entre os círculos acadêmicos que define o sentido da própria literatura. Isso a torna ingrata, laureando de méritos os que já morreram e condenando à morte os que lutam para sobreviver por meio dela. Por outro lado, me impressiona que autores já consagrados, tanto pelo público, quanto pela crítica, estejam envelhecendo, não apenas em idade, mas em pensamento. A transgressão cedeu a conformação, transformando grandes escritores em breves comentaristas da vida cotidiana, que até mesmo em suas literaturas deixaram de ter alguma beleza, se reduzindo ao banal e ao insípido.
Se por um lado, escritores experientes estejam deixando de apaixonar, vendendo apenas por conta de sua emocionante história pessoal como intelectual, já perdida no passado, por outro lado, surgem todos os dias novos escritores cuja excelente qualidade textual é combatida pelas exigências do mercado. A boa literatura não é mais definida pelo texto, mas por cifras monetárias, que inevitavelmente definem a gênese das produções literárias, incluindo a estrutura lingüística e visual em que elas foram construídas. O que é então a boa literatura? É a literatura que vende. Não se pode negar que enquanto arte, a literatura beira à marginalidade, seja entre os novos autores que se utilizam de blogs como instrumento de divulgação de seu trabalho, seja entre o seleto grupo elitista de críticos literários que o mercado enclausura dentro da academia.
Por outro lado, embora muito diferentes entre si, blogueiros (é evidente que uma parcela deles) e literatos sejam os verdadeiros heróis da boa literatura, é justamente no diálogo entre ambos que a literatura ainda sobrevive ao status de arte. Arte contra o mercado, me oferecendo ainda esperança que algum dia, ser escritor brasileiro, ainda será possível.