E
se você subisse num ônibus, e soubesse, durante a viagem, que está indo para a
eternidade? Instantaneamente, sua viagem, de trivial e banal, se tornaria, ela
mesma, a mais importante da sua vida, por ser justamente a última. Sua visão
não seria mais a mesma. Como definir cores e sons de lugares desconhecidos para
a maior parte da humanidade (pelo menos, viva)? Parábolas que beiram ao
absurdo. É o que propõe Alan Pitz em seu livro “Estação Jugular” lançado este
ano pela editora multifoco.
Franz,
tentando fugir do sol, embarca numa viajem que o leva para o seu destino e
origem. O seu ponto final. É evidente no texto elementos narrativos que me cabem
comparar apenas a nomes como John Bunyan (autor de “O Peregrino”) e Frans Kafla
(autor de “O Processo”), pela temática utilizada e a ênfase alegórica presente
no livro. Alan consegue explorar esses elementos de uma forma nova,
contextualizada e elegante.
A
vida é uma viagem, e a morte também. Todos nós nascemos como peregrinos, como
pródigos, regressamos à casa de onde partimos. Para alguns, essa viagem pode
ser muito longa, e para outros, curta demais, entretanto, ela não deixa de ser
uma aventura fascinante, onde descobrimos onde a estrada está nos levando e que
o caminho que estamos indo é apenas um espelho de quem somos. É só olhar para
os próprios pés.
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