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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Grande Prêmio


Sonhei uma noite dessas. 

Uma festa num grande teatro. As mulheres, com longos vestidos de gala e jóias nos pescoços e mãos, competiam entre si sobre quem possuía o penteado mais bizarro para a ocasião. Os homens, de smoking e pronunciadas barrigas, entupidos de cigarros nos bolsos, competiam de outro modo. Estavam ali por conta da literatura. 

Sobe ao palco o mestre de cerimônias, que anuncia o prêmio:
- Caríssimas senhoras e senhores, esta é uma noite muito especial. Que ficará para sempre...
Força um pouco os olhos para conseguir enxergar a continuação do pequeno discurso. E continua:
- Que ficará para sempre na história da cultura do nosso país.  Inicio agora, a entrega do prêmio “Os Piores Literatos de 2011”. 

Mais tarde se esclareceu que ele estava bêbado. 

Na categoria ficção ganhou um escritor que a muito tempo havia falecido e praticamente ninguém sabia. O laureado de não-ficção fora desclassificado por ausência. O prêmio na categoria poesia ficou com um poeta que há alguns anos havia abandonado o ofício para fazer funk, pois o lucro era maior. Por fim, na categoria “Autores que Ninguém Lê”, surgiu como laureado o meu nome. Fui à frente emocionado, percebendo nitidamente na platéia o cochichar dos convidados: 

- Quem é esse cara? 

Ninguém me conhecia. 

É. Talvez não tenha sido só um sonho. Será um presságio?

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