Sonhei
uma noite dessas.
Uma
festa num grande teatro. As mulheres, com longos vestidos de gala e jóias nos
pescoços e mãos, competiam entre si sobre quem possuía o penteado mais bizarro
para a ocasião. Os homens, de smoking e pronunciadas barrigas, entupidos de
cigarros nos bolsos, competiam de outro modo. Estavam ali por conta da
literatura.
Sobe
ao palco o mestre de cerimônias, que anuncia o prêmio:
-
Caríssimas senhoras e senhores, esta é uma noite muito especial. Que ficará
para sempre...
Força
um pouco os olhos para conseguir enxergar a continuação do pequeno discurso. E
continua:
-
Que ficará para sempre na história da cultura do nosso país. Inicio agora, a entrega do prêmio “Os Piores
Literatos de 2011”.
Mais
tarde se esclareceu que ele estava bêbado.
Na
categoria ficção ganhou um escritor que a muito tempo havia falecido e
praticamente ninguém sabia. O laureado de não-ficção fora desclassificado por
ausência. O prêmio na categoria poesia ficou com um poeta que há alguns anos
havia abandonado o ofício para fazer funk, pois o lucro era maior. Por fim, na
categoria “Autores que Ninguém Lê”, surgiu como laureado o meu nome. Fui à
frente emocionado, percebendo nitidamente na platéia o cochichar dos
convidados:
-
Quem é esse cara?
Ninguém
me conhecia.
É.
Talvez não tenha sido só um sonho. Será um presságio?
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