Seguidores

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Capítulo Seis de "Absinto"




Recusaram-se a dizimar, e progressivamente o número de fiéis que freqüentavam regularmente a congregação diminuía. Não houve alternativa para a sobrevivência da igreja, que diante de um mundo cada vez mais aberto ás inovações políticas da democracia a favor do aborto, o casamento civil e até religiosos de pessoas do mesmo sexo, se viu obrigada a aumentar o rigor do seu discurso, se recusando a se adequar aos interesses sociais ou a assumi-los completamente. As opiniões divergiam.

É reconhecido o idealismo dos primeiros, dentre os quais eu fazia parte. Porém sem dinheiro, com o tempo não chegariam muito longe. O segundo grupo, porém, era mais pragmático, e portanto, teriam todo o dinheiro e apoio que quisessem. O grande desafio consistia em adequar a mensagem evangélica aos interesses políticos que vingavam, o que inevitavelmente gerava um estranhamento social compreensível, pois afinal, para muito gente o cristianismo era sinônimo de intolerância. Para essas mesmas pessoas isso não consistia uma questão de opinião, mas de verdade. Quando parte da igreja resolveu assumir um discurso mais liberal, ganhou uma multidão de adeptos, porém, muito desconfiados. Tratavam-se mais de curiosos do que homens de fé efetivamente. Uma justificativa espiritual para suas liberdades os livrariam da culpa provocada por uma herança cultural e religiosa mais conservadora.

Era evidente uma reação do outro lado: evocaram a condenação ao inferno para todo aquele que se recusasse a pagar o dízimo. Uma nova forma de indulgência que garantiria a sobrevivência da ortodoxia evangélica, que por outro lado, teria que se contentar agora com a diminuição dos seus luxos. O inferno. A maioria nem mais acreditava mais nisso. Nem mesmo as crianças, ignorando o que afirmava o discurso religioso oficial como ultrapassado, pois não era científico. Pensei: o que seria científico no cristianismo afinal? Pois nessa categoria não poderia se adequar céu e inferno, a imortalidade da alma e até o próprio Deus. Pensei que se o cristianismo ousa reclamar para si algo de científico ele não sobreviveria.  

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

É Possível Defender o Cristianismo?




“Vê-se agora que extraordinária tolice se comete defendendo o cristianismo, como se trai assim o restrito conhecimento do homem, e com essa tática, ainda que inconsciente, tem, sub-recipticamente, partida ligada com o escândalo, fazendo do cristianismo uma coisa tão lamentável, que por fim é necessário advogar a sua causa para o salvar. Tanto isto é assim que o primeiro inventor na cristandade duma defesa do cristianismo é de fato um outro Judas; também ele trai com um beijo, mas é o beijo da estupidez. Advogar desacredita sempre. Suponhamos alguém que possui um armazém cheio de ouro e que queira dar todos os seus ducados aos pobres – mas se cai ao mesmo tempo na estupidez de começar a sua caridosa empresa com um discurso, demonstrando em três pontos tudo o que ele tem de defensável, nada mais é preciso para que seja posta em dúvida a caridade do seu gesto. Mas então o cristianismo? Declaro incrédulo aquele que o defenda. Se crê, o entusiasmo de suas fé nunca é uma defesa, é sempre um ataque, uma vitória; um crente é um vencedor” (Soren Kierkegaard, em “O Desespero Humano”. Pg.388).



Digamos que você  tenha uma razão – o melhor argumento de todos, talvez de toda a história, que afirme a existência de um Deus bondoso diante de um mundo mau e injusto. Que o seu argumento seja a melhor defesa do cristianismo já inventada desde os escolásticos. Que esse argumento, enfim, traga a paz de espírito necessária aos incrédulos e dúbios na fé. Encontrar a paz de espírito num argumento consiste em pacificar-se ao ponto de entregar-se ao comodismo e estagnação que esse mesmo argumento visa promover, pois convencer é pacificar, e pacificar é alienar. Esse é o interesse de qualquer dogmática, religiosa ou não. De ser no final das contas, instrumento de conservadorismo. De que se o mundo é mau, que ele continue mau, contudo sem um Deus cuja existência torne esse mal injustificável. Contudo, se o problema é justamente o mal, se é ele o injustificável, Deus deixa de ser um problema, até mesmo para ateus, pois se Deus não existe ele não pode ser culpado pelo mal, nem sequer levado em consideração num argumento sério. Pessoas preocupadas com o mal não se interessam por argumentos. Se interessam sim, por ações. De ateus, de cristãos, de qualquer pessoa. Argumentos não podem mudar a realidade, podem sim endossá-la. A melhor defesa de um cristianismo puramente teórico (Teo-lógico) não suporta o choque com a realidade. Não há defesas racionais para o cristianismo. Negar o cristianismo torna-se portanto um exercício de racionalidade, afirmá-lo porém, um compromisso de fé, e isto não significa a aceitação irrefletida de um dogma, mas sim na proposta que o dogma faz à ação. Fé é uma ação e não uma teoria. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Deus Anárquico



Particularmente, tenho uma visão dialética sobre a existência de Deus. Deus existe, mas apenas no mundo em que ele cria. Vejo isso como uma unidade em toda a bíblia, de gêneses ao apocalipse. O gênesis disserta mais sobre a transformação de um povo nômade em sedentário do que sobre o verdadeiro criador do universo e a origem do mal. Essa transição do nomadismo para o sedentarismo não foi fácil, por uma questão muito simples: o Deus hebreu NÃO criou a Pólis. A pólis (a cidade) é uma criação dos deuses. Dentro da Pólis o Deus hebreu simplesmente não existia, ou no mínimo, era um entre os outros deuses. O monoteísmo exige um mundo criado por Deus para que o próprio Deus exista nesse mundo, daí a relutância quanto a sedentarização. Mas esse mundo não é originalmente a Pólis. A sedentarização exige que o mundo de Deus seja a cidade. Que Deus exista na cidade, e que por isso, assuma características políticas e participe de sua lógica. Nasce a teocracia e mais tarde a Idade Média. Nesse período, Deus não é visto como o criador da Pólis, mas como seu soberano, como rei. Essa imagem vai se prolongar durante muito tempo, até a ruína dos governos teocráticos, da teocracia judaica a Idade Média. A teocracia muda de lugar: está nos céus, o Reino de Deus.

Se o Reino de Deus não está mais na Pólis, conseqüentemente, os súditos desse reino tornam-se como no princípio, nômades. Ai está a mensagem de Jesus. Deus não existe no Reino de César. Particularmente não interessam ao cristãos provar que Deus existe no Reino de César. A lógica que movimenta a Pólis exclui um Deus exclusivo e soberano, contudo, aceita uma pluralidade de divindades menores. Diferente do nomadismo original de gêneses, os cristãos não vagam por terras "neutras", por campos abertos, eles se inserem dentro das cidades, até porque campos onde o nomadismo étnico seja possível é praticamente inexistente na época. É preciso ser nômade nas cidades. Não ser da Pólis estando nela. É justamente o estar na Pólis e não ser dela que se estabelece o conflito dos cristãos com o Império Romano. Os cristãos não seguiam a lógica de administração pública. Embora envolva uma questão religiosa (pois os deuses são os criadores da cidade) há também uma questão política, de insujeição, pois se os deuses são os criadores da cidade, são criadores de suas leis e de determinar seus representantes (soberanos). Os cristãos se negavam a prestar culto litúrgico ao Imperador, conseqüentemente aos deuses. Inevitavelmente eram vistos como anárquicos.

Espalhados pelo mundo (nômades) mas inseridos nas cidades, os cristãos fizeram que seu Deus ora assumisse a lógica das cidades, ora, eventualmente, reagisse a elas. No primeiro caso ele se parece com um comunista entre os cristãos comunistas, Judeu entre os cristãos messiânicos, Nazista entre os cristãos alemães da segunda guerra, e etc., adequando-se a paradigmas políticos. No segundo caso, pela sus raridade, destaca-se por questionar qualquer paradigma político para Deus.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Capítulo Sete de Absinto



Havia prometido e hoje cumpriria sua promessa. Decidiu voltar a terra. Como assim entendia, recompensaria os fiéis e puniria os maus. Julgaria a humanidade. Tanto de vivos quanto de mortos, segundo suas ações. Condenaria os pecadores e laurearia os santos com a entrada no paraíso. Sim, eu sabia quem ele era e tudo o que haviam dito a seu respeito. Conhecia as polêmicas que envolverão seu nome, das boas às ruins. Daquelas que mencionam dinheiro, sexo, obediência cega às autoridades religiosas e politicagens, até outras bem diferentes, que falavam da bondade que anônima na história, era feita por gente simples que nunca deixou de evocar seu nome em tudo o que fazia. Gente que se sacrificou por pessoas que simplesmente não conhecia. Que lutaram em seu nome, contra regimes políticos tiranos, que evocaram até o próprio Deus como seus legitimadores. Pessoas que se dedicaram a contestar a miséria de uns e a abundância excessiva de outros.

Jesus voltou, e percebeu que o mundo continuava o mesmo, ou até pior. Não esperava que o mundo mudasse. Não esperava que os homens se tornassem melhores. Sabia que tal como ele, sua doutrina seria ignorada, contraditada, corrompida das mais diversas maneiras ao longo da história. Que sua crucificação ainda continuaria depois dele. De uma outra forma. Jesus voltou e percebeu que não poderia julgar ninguém, ou caso contrário, todos os homens estariam perdidos. Sendo Deus, conhecia tudo o que se passava dentro dessa criatura que apenas agonizava de dor. Que chamavam pecado uma infinidade de carências e que apenas o simples hábito de respirar trazia angústia e sofrimento para muita gente. Era difícil julgar assim.

A liberdade tornou o homem carente de tudo. E quando os homens começaram a acreditar que havia um “tudo”, que superava o medo da natureza e da morte, que havia uma forma adequada de convivência entre os homens, foi inventado o conhecimento e estabelecida a crença de que o conhecimento superava as carências humanas. Ele não superava, apenas a tornava mais evidente. A economia impedia isso. Convencidos de que a morte era a causa da fé em Deus, da moralidade com interesse em recompensa futura, do céu e do inferno, assim como da própria busca de conhecimento, que era em última instância uma luta contra a morte. Venceram a morte, e tudo foi esquecido.

Num segundo, a história da humanidade passou diante dos seus olhos.

Jesus chorou.

Ninguém o conhecia.

Tímido, me aproximei. Reconheci as marcas dos pregos em suas mãos e pés. Brilhava intensamente. Foi emocionante a sensação de conseguir olhar o sol de frente. Aproximei-me um pouco mais:

- Senhor?!

Ele olhou para mim e esboçou um sorriso. Mas os seus olhos estavam marejados e expressavam tristeza. Minha língua travou. Comecei a gaguejar. Respirei fundo para dizer:

- Não fica assim... poderia fazer tudo novamente, não poderia?

Ele olhou novamente para mim e esboçou novamente o mesmo sorriso. Não me disse palavra alguma. Estava preso em seus próprios pensamentos, olhando fixamente o horizonte.

Silenciei. Passei algum tempo ao seu lado sem dizer uma palavra. Pela terceira vez olha pra mim:

- Eu faço novas todas as coisas. Sempre. Começarei tudo novamente. E tentarei todas as vezes em que isso 
for necessário.

Imediatamente a luz que o envolvia desapareceu. Tornou-se novamente um homem comum. Ele sorriu para mim e saiu caminhando, descalço e sem rumo, e eu com lágrimas nos olhos, entendi o que ele pretendia.  

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Deus é Lógico?



Se compararmos com o início das religiões, a lógica é uma produção moderna. Nasceu formalmente com os gregos e possui uma história de adaptações. Tornou- se ao longo desse tempo, e a através dessas adaptações, a chave hermenêutica da modernidade e conseqüentemente do homem tal como o conhecemos hoje. Se Deus é uma produção cultural, a lógica também é. Inevitavelmente o homem moderno não tem como escapar de interpretar o mundo dessa maneira. A mesma lógica que afirma a inexistência de Deus justamente por ser uma produção da cultura. Isso invalida tanto Deus quanto a lógica que o nega como instrumentos de verdades. Caímos no agnosticismo. Algo muito difícil e muito mais interessante para se trabalhar em ciência da religião é justamente tentar entender a chave hermenêutica que permeia as sociedades religiosas onde “Deus”(independente da cultura) representava a “verdade”. Mais interessante ainda é entender como isso se manifesta nas religiões monoteístas. Em suma, é tentar entender o conceito “Deus” a partir de sua própria lógica.

Nossa sociedade moderna foi construída a partir de uma lógica que nós mesmos inventamos. Nessa lógica não há espaço para um Deus, objetivamente falando. Sendo assim é sensato afirmar que Deus não existe nesse mundo que criamos. Fora desse mundo, qualquer coisa pode existir. Até Deus! Justamente porque o mundo existe antes da lógica, antes das religiões, antes do homem. Antes do homem que apenas pode interpretar o mundo através do próprio homem.

Muitos ateus de internet são entediantes porque tentam comparar uma mentalidade religiosa com uma mentalidade científica. Tentam comparar uma lógica com outra (isso se pudermos falar numa lógica religiosa). O mundo é uma cobra que vive trocando de peles. Outros pensadores são mais interessantes porque tentar avaliar a mentalidade religiosa a partir delas mesmas. Dois exemplos simples: Max Weber com sua “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e “A Essência do Cristianismo” de ludwig feuerbach.

Defender uma lógica inata (e mais ainda, que é possível conhecer essa lógica) é defender um paradigma pelo qual se encerra o mundo. Se uma pessoa assim é não é religiosa, acaba defendendo a atual status quo (ou pelo menos a sua forma mais atual, por onde se predomina o direito às liberdades e etc). Se uma pessoa assim é religiosa acaba por ter que conciliar a idéia de um Deus (predominantemente pessoal) com um mundo cada vez mais tecnocrata e onde às liberdades individuais são progressivamente ampliadas. Acaba tornando-se insustentável. Deus é lógico? Acho que não(alguns defenderiam alguma lógica pra Deus, pois assim ele assumiria uma identidade definida e não cairia numa pluralidade de deidades como poderia supor alguns), mas afinal, também não acredito em nada que seja objetivamente lógico também. 


O lógico será um defensor do status quo. De maneira que o mais lógico será aquele que mais se adéqua aos valores culturais predominantes. O nazismo, o fascismo e o comunismo investiram pesado em propaganda. A propaganda enquanto instrumento para a transmissão de ideologia, forma uma massa não pensante de reprodutores, cuja intenção é torna a ideologia cada vez mais convincente. Cada vez mais lógica.
Vivemos no melhor dos mundos? Se não, como defendia Voltaire, não há status quo defensável. Não há uma lógica universalmente consistente. O caso de Kant com sua “Crítica da Razão Pura” e Hegel com sua “Fenomenologia do Espírito” expressam o espírito de uma época, mas não a antecedem concretamente. O reconhecimento que tiveram em vida é uma prova disso.

Contudo, o mais lógico sempre parte do menos lógico. Enquanto os mais lógicos expressam o espírito da época que se vive, os menos lógicos são de duas categorias: os que defendem o espírito de uma época que já passou, superada portanto (saudosistas) e os que defendem os espírito de uma época que ainda não veio. São, portanto, utópicos e gênios. A genialidade se corresponde com a utopia. Desse tipo, destacam-se Nietzsche, Shopenhauer e Kierkegaard.

Contudo, cabe ressaltar que esses autores tornaram-se os gênios do nosso tempo. Do nosso status quo, que se caracteriza em defender o indefensável. É lógico onde não há lógica. Baumen deu um passo a frente em sua época (a nossa), assim como Kant e Hegel, afirmando a “liquidez” de todos os valores e identidades. Embora importante, não foi genial. O gênio tende a cortar o progresso de um tempo e iniciar outro. E para isso ele não pode ser compreendido. Pelo contrário, precisa ser contraditado e ignorado. Até ridicularizado. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Permite o Cristianismo uma Teocracia?


Querem a presidência da república!

Fazer do Estado, igreja e do presidente, pastor.

Nesse caso, não se trata apenas de moralização, mas de doutrinação político-religiosa. Fez o mesmo Constantino com o seu Império, que de uma forma ou de outra, subsiste até hoje. Nesse caso, estão inseridas a educação religiosa nas escolas, a proibição do aborto, a proibição da legalização da prostituição e o acesso a leis trabalhistas às profissionais do sexo, assim como, alguns aspectos da PL 122 vinculados a liberdade de expressão. Interesses cuja autoridade é legitimada na constituição pela liberdade de consciência e religião. Mais ainda: na bíblia. Bem próximo dos ideais da reforma. Próximo, mas nem tanto. A reforma protestante era essencialmente religiosa, que por conta da união entre igreja e Estado, tornou-se reforma política também. Contudo, com a hipotética separação entre igreja e Estado, a bíblia não poder ser utilizada como instrumento de legitimação política.

Acontece que por ela mesma, particularmente o Novo Testamento, não se justificam atitudes desse tipo. Os cristãos do primeiro século não estava interessados em mudar o status quo, principalmente na sociedade romana. Havia uma apreensão quando ao retorno de Cristo que tornava desnecessário qualquer mudança nas estruturas sociais. Não se tinha tudo em comum a fim de se alterar as estruturas sociais, mas sim por uma questão de coesão social (logo de sobrevivência) entre os excluídos. Nesse sentido, não há nada de utópico no cristianismo.

Os cristãos se mantinham autônomos da sociedade romana durante muito tempo. Eles evitavam a própria inclusão, pois se negavam ao culto ao imperador e aos deuses protetores das cidades. É por isso que os cristãos constituem em princípio uma minoria ignorada, e posteriormente perseguida pela Império. Os cristãos ignoravam o Império.

Seguindo o exemplo desses cristãos, acredito que a autonomia entre os poderes – igreja e Estado - deve ser mantida. Que o Estado legalize o aborto, a prostituição, a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Que os cristãos continuem a ser quem são, ortodoxos ou não. É claro que não se pode viver em paz com isso. Cristãos poderão ser presos por defender ideologias onde estejam inseridos valores mais conservadores. Acredito que este seja o medo de uma parte desses cristãos, os mais honestos, afirmo. Que a história novamente torne a se repetir. Por outro lado, em nossa raiz cristã- americana, está o proselitismo. Inevitavelmente a militância que torna valores pessoais em coletivos. Isto sim precisa ser combatido.
Em resumo, não me importo com um Estado laico. Não me importa lutar por ele, como alguns cristãos mais liberais tentam fazer. Importa-me que o cristianismo esteja longe do jogo político, que ele seja despolitizado. Talvez, a partir daí nos encontraremos novamente como sua essência mais reveladora. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Apócrifo l


Não. Eu não acredito na bondade humana. 

O desejo por poder, status, qualquer e mínima forma de reconhecimento, ás vezes por nada, atestam o que afirmo. Gestos de bondade, que não sejam anônimos, são por mim desconfiados.

Não. Eu não acredito na bondade humana. 

O prazer ao dinheiro. De ter tudo o que vier aos olhos é compartilhado por todos os homens. Ganância. 

A raça humana faliu!

E nisto incluo, homens e mulheres, heteros e homo, letrados e ignorantes, religiosos e ateus. Defender qualquer tipo de superioridade entre gêneros (homens superiores a mulheres e mulheres a homens, heteros superiores a homos, e homo a heteros, religiosos superiores a ateus e ateus a religiosos) é no mínimo defender algum tipo de elitismo que ultrapassa a condição normativa: é uma mentira evidente!

Não tenho uma solução para isso. Nenhum ser humano tem. Acredito no Cristianismo por me exigir (de uma forma auto-imposta) a acreditar em algo que não acredito. Que a humanidade tem esperança. O que desejo profundamente, ás vezes mais, ás vezes menos, é a solidão. As pessoas estão se tornando progressivamente mais dogmáticas. Quero ficar longe delas. Quero ficar longe disso. Ás vezes mais, ás vezes menos. Sei que isso não é possível. Por ora, tento conviver com isso, até o mínimo possível.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Vivemos Numa Sociedade Judaico-Cristã?

http://g1.globo.com/globo-news/milenio/videos/t/programas/v/adin-steinsaltz-fala-da-importancia-do-questionamento-da-realidade/2372945/



" O que está acontecendo no mundo de hoje, de maneira geral, é que ele não é judaico-cristão. O que vivemos não é um ambiente judaico, não é um ambiente cristão, nem mesmo - sejamos sinceros - um ambiente mulçumano. Nós estamos vivendo uma grande paganização do mundo (...) Antigamente havia um deus chamado Baal. Ele é mencionado no Novo Testamento, e a tradição hebraica o identifica como Mamon, dinheiro. Veja esse grande deus. Ele não é maior do que qualquer santo de qualquer igreja? Veja a deusa. Na linguagem antiga ela era chamada de Astarte.É vênus. O sexo, o sexo libidinoso. As vezes, vemos coisas usadas apenas para seduzir.Mas ela não está se tornando muito maior do que todas as Marias?" (Adin Steinsaltz)