tag:blogger.com,1999:blog-7436108219061500302024-02-07T16:21:32.903-08:00DiálogosDevaneios literários de um teólogo sobre o ritmo das Metrópoles; seu mundo e sua gente. E é claro, sobre eternidade...Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.comBlogger200125tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-10542129071366631322014-01-20T07:19:00.000-08:002014-01-20T07:19:01.474-08:00Fundamentos Para Uma Teologia Pessoal<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->1-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Acredito que tanto ateus quanto cristãos definem
suas convicções a fim de que suas vidas de alguma forma tenham algum sentido.
Uns através da afirmação e outros através da negação da existência de Deus. Em
outras palavras, de que para uns viver só é possível com e outros sem a
necessidade de um Deus. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->2-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Em termos de conhecimento (epistemológico) é
impossível saber. A grande marca de nossa civilização é acreditar na
imparcialidade do conhecimento que nós mesmos produzimos. De reificá-lo através
da crença numa razão abstrata e universal ( como defendem Kant e Hegel),
conferindo-lhe uma autoridade absoluta e totalizante. Uma grande tolice, pois a
civilização apenas produz conhecimento útil para si mesma: o que não é útil é
descartado como ultrapassado e irracional. Nesse sentido, todo conhecimento é
parcial e não determina evolução. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->3-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Suspeito que não há uma distância significativa
entre nós, homens de civilização, e aqueles que nos antecederam, cercados de
mitologias e crenças. Se não temos religião, ou crenças ou qualquer outra
espécie de cosmologia que definiríamos explicitamente como mitológicas, é
porque evidentemente, mentimos sobre nós mesmos ou concedemos às nossas
mitologias o perigoso patamar de uma perfeita descrição da vida.
Particularmente, compreendo o homem moderno como o mais mitológico de todos,
criando a ilusão de ser aquela entidade especial no universo que superou o
mito, que se “esclareceu”, ganhando autonomia e garantindo certa medida de
felicidade para a próxima geração. Ou que pelo menos acredita estar a caminho
disso. Substituímos (como homens racionais que somos) uma mitologia por outra.
E acreditamos que fizemos progresso. E para justificar o progresso, afirmamos
que a vida ficou melhor, que substituímos fogueiras por micro-ondas, e a
expectativa de vida aumentou. Que a utilidade constitui o valor supremo que
define a razão para tudo. Que constitui o sentido. Um homem do paleolítico não
pode reclamar de não ter um micro-ondas, e é perfeitamente feliz com isso, tal
como nós somos com os nossos micro-ondas. Entregue um micro-ondas a um homem do
paleolítico, e ele não verá sentido nele – a menos que aprenda, e isto
significa, ser situado num outro tipo de racionalidade, civilização, mitologia,
de cosmovisão de mundo. O que a princípio, ele julgará ser a coisa mais absurda
do mundo e até objeto de riso. De igual maneira, faça um homem “civilizado”
viver entre homens do paleolítico: que aprenda a caçar, a fazer fogo, e a se
proteger da chuva, do frio e de animais perigosos. Não haverá sentido numa vida
assim, pois ambos (homem antigo e moderno) sempre preferem a vida que tem, como
a mais óbvia e racional de todas. Justamente porque é uma vida já estabelecida,
e por isso, sempre julgada a mais confortável. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]-->4-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->A civilização sempre está em adaptação: antigas
formas de se compreender a relação entre homem, natureza e produção de meios de
subsistência precisam ser descartados e substituídos constantemente. Origem de
todo o poder. Sendo assim, nenhuma forma de conhecimento, logo, justificativa
de qualquer racionalidade, pode ser imparcial. Que todo conhecimento procura
justificar uma forma de poder. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]-->5-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Crer ou não em Deus estabelece uma forma de
poder. Contudo, apenas quando crer ou não crer tornam-se formas de conhecimento
sobre a realidade: seja através de teologias (racionalização sobre o sagrado)
seja através das ciências (racionalizações sobre o homem). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]-->6-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->O estabelecimento de um poder sempre determinará
politização, e por isso, opressão de um grupo sobre outro: tanto a idade média
(declaradamente cristã) quanto a União Soviética e a China Comunista
(declaradamente atéias) constituem fenômenos de um mesmo princípio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]-->7-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Se crer ou não em Deus não determinar uma forma
de conhecimento (objetivo e universal), o que determina então?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 53.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->a)<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Que a crença em Deus é anterior ao nascimento da
civilização, e até mesmo contrário a ela. Determina talvez sua origem entre
povos nômades (A história de Abraão, e antecedentes – descendentes de Noé e etc
– exemplificam isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 53.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->b)<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Não estabelece, originalmente, algum tipo de
racionalização, mas de experiência subjetiva intraduzível em termos de
conhecimento: mitologia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 53.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->c)<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Com o crescimento do número de cidades, povos
nômades precisam se sedentarizar: aprender o cultivo renovável do solo, através
de novas tecnologias, aprender a lutar e defender o território e por fim, a ler
e escrever. A pertencer a uma elite. Nesse sentido, a experiência religiosa de
um Deus avesso a civilização, por intermédio de uma elite, começa a se
racionalizar, a se politizar, a defender um partido (a história de José no
Egito é um exemplo disso). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 53.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->d)<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->A bíblia inteira é portanto, o testemunho de um
mal-estar civilizatório: de Deus contra a civilização: ora apaziguado por
racionalizações (disputas de poder) ora enfurecido contra a civilização (apocalipses)
por intermédio da tradição profética. E nesse sentido, em termos gerais,
racionalizado, o próprio Deus não pode ter uma personalidade definida: ora
defende a vida, ora autoriza o assassinato, e etc.. É contraditória pois
expressa justamente a tentativa da conservação de uma tradição religiosa nômade
em épocas de sedentarização, de uma paixão numa época de racionalização. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 53.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->8-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->Compreendo o cristianismo bíblico como uma
releitura dessa tradição, feita por intermédio dos profetas apocalípticos. Pois
os apocalipses nada mais são do que isso: a vitória de Deus sobre o mundo, do
campo sobre a cidade, dos camponeses sobre os nobres. Pois o camponês (que é
marginal – e Jesus foi um camponês) é um paradoxo político: está o mais
distante da cidade, mas não completamente ausente dela, sendo assim, o mais
próximo desse Deus camponês e nômade (que cria o jardim do Éden, é o pastor e
faz alusão ao campo o tempo todo). É por isso que a bíblia está cheia de
paisagens idílicas o tempo todo. Estabelece uma tradição nômade para o diálogo
com camponeses e marginais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]-->9-<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span><!--[endif]-->E por isso, para a civilização, tudo isso é mito
em seu sentido pejorativo. Porque a própria civilização não pode compreender-se
como vencida, derrotada. Contudo, mito é toda experiência vivida que não pode
ser racionalizada. Que permanece uma incógnita, e que exige apenas uma decisão:
“Escandaliza-te ou crê” nos ensina Kierkegaard. É preciso portanto, compreender
o mito de outra forma. <o:p></o:p></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-82225574139643602012013-05-25T16:56:00.001-07:002013-05-25T16:56:43.338-07:00Para Fazer Doer o Coração<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_51a14ed850acb0f64952543" style="display: inline;">
A chuva me condena a lembranças tristes.<br />De que estou irremediavelmente destinado a viver sem a boa companhia,<br />de quem, com um sorriso, tornaria os meus dias,<br />um pouco mais suportáveis. Dias um pouco mais saudáveis.<br />Talvez eu viva menos po<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">r isso.<br /><br />A tristeza vem antes da chuva, e não passa com ela.<br />Eu me pergunto constantemente se a vida seria um pouco mais tolerável,<br />se não houvesse essa tristeza.<br />Talvez não seria.<br /><br />Mas como saber, sem ao menos ter a oportunidade de conhecê-la?<br />De fazer doê-la no coração.<br />Queria fazer doer o coração,<br />mas não para escrever poemas tristes.<br />Que o coração doa por intensidade.<br /><br />É a vida, e talvez eu esteja destinado a fracassar.<br />Talvez amar não seja assim tão importante,<br />mas se for, pequeno e insignificante,<br />poderei até, amargamente chorar no meu túmulo.</span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-18176242390199053922013-04-12T13:02:00.002-07:002013-04-12T13:02:23.446-07:00Dogmatismo Filosófico<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerando que todos os filósofos,
sejam pequenos ou grandes, reconhecidos ou anônimos, eram seres humanos, e como
todos os outros, limitados por sua finitude e ignorância (ninguém ainda
conseguiu provar o contrário disso). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">2.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerando que nenhum filósofo morreu
deixando à posteridade um pensamento completo, hermeticamente fechado, que
encerra em si todas as grandes e pequenas questões da filosofia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">3.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerando que Sócrates, o filósofo
grego que explodiu as cabeças da Grécia, apenas o fez a partir da explosão da
sua própria cabeça. Que as questões que levantou aos atenienses, levantou
antes, para si mesmo. Questões, e não conceitos. Questões são universais,
conceitos, particulares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">4.<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É ridículo, portanto, a um filósofo,
assumir a posição de dogmata, isto é, de adorador de sistemas de pensamento, de
escolas, pois nesse caso, não se faz filosofia, mas religião. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-38540217396741207622013-04-10T06:51:00.002-07:002013-04-10T06:52:29.474-07:00Loucura e Liberdade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83cW7THeEeycutiWvKRDy0jwU1B7aEsr2h5WzHQfaIoGwSz7O8jA9LoinyFhwoXtREPRy3mMRpM9AOtKBzas9SPD4n_4GwAv11jxkzSF7nO1gi20h89iAsnjjwFGugTHJvJcmqoUTkl-K/s1600/max-blecher21.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83cW7THeEeycutiWvKRDy0jwU1B7aEsr2h5WzHQfaIoGwSz7O8jA9LoinyFhwoXtREPRy3mMRpM9AOtKBzas9SPD4n_4GwAv11jxkzSF7nO1gi20h89iAsnjjwFGugTHJvJcmqoUTkl-K/s1600/max-blecher21.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">"Em tal mundo, submetido
aos efeitos mais teatrais e obrigado a cada entardecer a representar um pôr do
sol correto, as pessoas ao meu redor pareciam pobres criaturas dignas de pena
pela seriedade com que continuamente se ocupavam, acreditando, ingênuas,
naquilo que faziam e sentiam. Havia uma única criatura na cidade que
compreendia essas coisas e pela qual eu nutria uma admiração plena de respeito:
a louca da cidade. Só ela, em meio a pessoas rígidas e recheada até a ponta dos
cabelos de preconceitos e convenções, só ela mantivera a liberdade de gritar e
de dançar pela rua quando quisesse. Coberta de imundície, ela andava
esfarrapada pelas ruas, desdentada, com o cabelo ruivo desgrenhado, segurando
nos braços, com ternura materna, um cofrinho velho cheio de cascas de pão e
diversos objetos retirados do lixo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Exibia o sexo aos
transeuntes com um gesto que, se fosse utilizado com outro objetivo, seria
considerado “pleno de estilo e elegância”. Que esplêndido, que sublime é ser
louco!, dizia para mim mesmo, constatando, com um inimaginável desgosto,
quantos costumes familiares arraigados e estúpidos e que esmagadora educação
racional me separava da liberdade extrema de uma vida de um louco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quem nunca foi tomado
por esse sentimento está condenado a jamais sentir a verdadeira amplitude do
mundo". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Max Blecher em “ Acontecimentos na Irrealidade
Imediata” (Ed. Cosacnaify/ 2013)<o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-40785812760325390992013-04-04T07:21:00.001-07:002013-04-04T07:21:22.404-07:00 Canibalismo Amoroso<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
disse que a amava. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ela
não acreditou. E exigiu, como todas as mulheres, uma prova de amor. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
achou tratar-se de um carro novo, jóias, dinheiro ou viagens pelo mundo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ela
queria muito mais do que isso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais
sexo talvez? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não.
Sangue. O dele. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-
O que?! Enlouqueceu de vez. Não mesmo, sem chance...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
não a amava. Era a prova que ela tinha. E insistia nisso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pressionado,
ele consente. Faz um pequeno furo no dedo indicado para que ela experimente
durante horas seu sangue. Tem gosto metálico e é quente. Com o tempo vicia. Com
o tempo ela exige mais com a cara mais angelical do mundo. Inesperadamente lhe
arranca um dedo com uma dentada. Ele também, com uma dentada lhe arranca uma
parte da orelha esquerda. A noite acaba sendo uma festa, regada a muito sangue,
pintando toda a sala de vermelho. Espalhando vísceras. Até que os dois tombam
exaustos no chão. E mortos. Ele sem o cérebro, e ela sem o coração. </span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-58235007310688629902013-04-01T20:27:00.000-07:002013-04-01T20:27:24.745-07:00Destino de Um Escritor Apaixonado<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estava apaixonado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo,
incompreendido, resolve resignar-se em meio a uma infinidade de livros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Escreve durante horas,
ininterruptamente. Pausas momentâneas para lágrimas e choro compulsivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quer esquecer. Ele
tenta esquecer. O amor é uma chaga que não sara. Incurável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela resolve amar outro.
Como sempre...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Já está acostumado a
decepções desse tipo. O impacto não foi tão grande assim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas seu desejo, seu
maior desejo, é querer aprender a esquecer. A ignorar completamente o amor.
Quer aprender a vencê-lo, a ridicularizá-lo, usando todas as suas forças. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Continua a escrever. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dúzias de poemas
tristes. Confissões de amor interrompidas por acessos de fúria. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um tiro no coração. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pronto. Está feito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não é amado por ninguém,
e isso, agora, não lhe incomoda nem um pouco. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-71744894420206507932013-03-31T15:37:00.000-07:002013-03-31T15:37:02.984-07:00Considerações Sobre o Amor Cristão<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O amor é uma exigência
divina, contudo, o tratam como exigência humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É preciso partir de uma
experiência concreta de que o amor, esse espírito de abnegação e cuidado, nos
ofereça uma resposta às misérias humanas.
Nossa primeira experiência nesse sentido se estabelece com o cuidado dos
nossos pais e queremos que essa experiência se perpetue em todas as nossas
relações. Criamos utopias para o amor e por isso ele se torna irrealizável.
Essas utopias são construídas quando estendemos nossas experiências infantis de
amparo familiar às nossas relações sociais, tendo a expectativa de amparo e
cuidado, o que inclui, até, certa disciplina. É inegável certa frustração a
essas expectativas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O amor é uma exigência
divina. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sem meias palavras, sou
um cristão e creio em Deus. Contudo, caso de fato ele não exista (e estou sendo
meramente especulativo nisso) acredito que Deus represente uma contestação a
autonomia de um homem completamente falido. Deus é o indicador de que o homem é
um projeto falido, daí as intervenções na natureza, os milagres, a encarnação e
ressurreição, conforme destacam a literatura bíblica. Se há um Deus que
interfere (teísmo) há um homem que é incapaz de agir por conta própria. Mas
para a linguagem científica, não há Deus algum que interfira em alguma coisa: o
homem continua livre no espaço. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para alguns Deus não
existe por pura impossibilidade. Essa afirmação torna-se necessária para que o
homem utópico que queremos tornar-se possível. O amor é uma exigência divina, e
isto significa, mesmo que Deus não exista, que o homem é incapaz de amar. Que o
homem é um projeto falido no amor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais ainda: que o amor
é impossível ao homem. Que o amor não existe por impossibilidade à natureza
humana, que é uma utopia, uma invenção, que pode ser desconstruída
historicamente e usado como instrumento de poder por séculos. Para alguns,
Deus, que é impossível, se insere nessa categoria. Deus e o amor, impossíveis? Só
podem estar num outro mundo, este também impossível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se é Deus que exige o
amor, e Deus é impossível, o amor torna-se impossível, e da mesma forma,
torna-se uma exigência que o homem fracasse amando. Se é o homem que exige o
amor, o amor nada implica de divino e impossível. Ele é humano e possível e o
homem deixa de ser um fracasso total e afirma sua autonomia. Acredito ser essa
uma utopia equivalente a concepção de muitos céticos de que Deus não existe.
Podemos apelar e evocar a imagem de indivíduos abnegados como Gandhi, Luther
King e Madre Tereza. Todos eles amaram o que convinham amar: os indianos, os
negros, os pobres. Isso é algo completamente possível e humano. A luta pelos
mais necessitados pode até conceder direitos, mas a concessão de direitos nunca
é uma prova de amor. Como se costuma dizer, o amor é uma condição universal, e
isso, para muita gente não existe. Porque não existe? Porque o amor universal é
um conceito cristão, e o Deus cristão, que ama o mundo inteiro, para a
mentalidade contemporânea, simplesmente é impossível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo, se Deus criou
o homem, e o homem é um projeto falido, Deus criou um projeto falido? Um
questionamento apelativo. O amor é impossível, tanto para teístas, quando para
céticos, cada um ao seu modo. Um, pela ausência de Deus, outro, por causa dele.
A confiança que se tem na autonomia confere em mim uma desconfiança, da mesma
forma como muitos céticos desconfiam da religião e da crença em Deus. Não, não
acredito que o homem pode tudo, de alguma maneira ele sempre se sentirá fraco e
impotente, apelando para a religião ou se negando a ela. Negar isso é viver
numa mentira! Claro, religiões também conferem suas mentiras, e podem usá-las
para explorar e corromper qualquer um. A conclusão é simples: não se pode
afirmar que a vida sem religião e alguma fé é melhor que uma vida onde esses
elementos estão presentes delas. Não se pode comparar essas realidades como
qualitativas. Por outro lado, o abuso de poder, o autoritarismo próprio das
instituições, religiosas ou não, não naturalmente passíveis de contestação. Com
Deus ou sem ele. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-29319886558491535182013-03-09T19:28:00.000-08:002013-03-09T19:28:50.710-08:00Provocações Filosóficas lll - O Caso " Feliciano"<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Houve uma época em que o campo e
a cidade representavam valores antagônicos. Esse tipo de antagonismo está
presente até mesmo na bíblia. No Brasil isso começou a mudar com a modernização
das capitais (do Rio de Janeiro na década de 30 e criação de Brasília, na
década de 60). De lá pra cá, o Brasil passa por uma crescente modernização. As
cidadezinhas do interior têm acesso a luz, rede de esgoto, televisão e
internet. Isso altera e muito a imagem e a mentalidade do homem do campo. Mas
esse homem do campo que pensa como o homem da cidade, de maneira que ambos são
indicerníveis, tal como são indicerníveis o urbano do rural, em muitas regiões de Brasil atualmente, não
encontram seu maior exemplo na geração de nossos pais, mas sim nos filhos
deles. Nossos pais são homens do campo que vivem na cidade. Claro que afirmo
isso de forma metafórica para alguns e literal para outros. Analisando a
biografia do deputado Marco Feliciano, de origem humilde no interior de São
Paulo, e de como transformou sua fé cristã pentencostal em trampolim político e deste para a
presidência da comissão de direitos humanos da câmera dos deputados, é possível,
pelo menos em parte, definir como se formou sua mentalidade. Isso não significa
justificá-la. Significa compreender como se formou sua mentalidade. O que faz
Feliciano objeto de horror para muitos cidadãos brasileiros, incluindo cristãos,
se estabelece numa diferença de mentalidade, em tempo e lugar. Pior ainda
quando essa diferença torna-se explícita diante de um cargo político, pois as
mentalidades, sejam elas quais forem, particularmente de políticos, colaboram
para a criação de projetos de leis que se destinam a uma infinidade de outras
pessoas. Pelo menos em teoria, não se pode usar a própria mentalidade para a
criação de leis: isso é tirania. O embate está ai: uma mentalidade contra a
outra, mais do que isso, o que uma mentalidade pode fazer com a outra, já que
está no poder, e isto não tem nada a ver com fé religiosa, mas sim com valores
culturais engessados pelo literalismo da cultura, da religião, da vida. </div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-615648526914762222013-03-08T05:38:00.000-08:002013-03-09T19:29:31.305-08:00Provocações Filosóficas ll - O Caso " Feliciano"<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10.5pt; line-height: 115%;">Historicamente os cristãos constituíram uma minoria. Um grupo
irrelevante dentro do Império Romano. Acredito que hoje continuam sendo. Mas
porque os cristãos constituíam uma minoria? Porque não se interessavam pelo
poder político. Ignoravam o culto aos deuses protetores das cidades, ignoravam
os imperadores, ignoravam as leis que buscavam inseri-los dentro da pólis
romana como cidadãos. Algo consi</span><span class="textexposedshow">derado muito estranho na época. O mais estranho é que depois
de Constantino, ao invés de fugir do poder, os cristãos passaram a amá-lo.
Temem o que a ausência de representação pública lhes custou no passado:
perseguição e morte! Dentro do poder, de minoria, os cristãos passaram a ser a
grande maioria. De perseguidos a perseguidores. Sim, trata-se de uma vingança
histórica. Em nenhum momento planejada pelo seu fundador. O cristianismo
politizado é inconciliável com a proposta de amor incondicional, desapego e
humildade. Não é cristianismo, porque o cristianismo de verdade, esse sim,
continua sendo de uma minoria. Devo lembrar aos cristãos que o conceito
cristão de pecado não possui valor jurídico, científico e até mesmo mesmo
moral. Sendo assim, pecado não é o mesmo que um crime, uma violação das leis da
natureza ou de imoralidade. Quem define o crime é a lei, quem define as leis da
natureza é a ciência e o que é moral é definido pela cultura. Inegavelmente não
vivemos numa cultura judaico-cristã, sendo assim, o conceito de pecado não pode
definir o que é imoral na cultura. As leis jurídicas assim como as demais ciências
(principalmente as da natureza e exatas) desprezam qualquer valor objetivo das
religiões, sendo assim, pecado não poder ser o mesmo que crime ou um
comportamento não-natural.</span> Pecado é um conceito judaico-cristão que não
possui nenhuma relação com política, mas sim, conforme salientou Kierkegaard,
com nossa consciência de se estar a sós diante de Deus: algo pessoal,
intransferível, e que determina a conduta pessoal, os valores pessoais, não
coletivos.</div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-60933914066982257622013-03-06T07:13:00.001-08:002013-03-06T07:13:55.596-08:00Provocações Filosóficas l<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span class="usercontent"><span style="background-color: white; line-height: 115%;">No início da minha juventude a filosofia me cativou pelo
interesse que eu tinha pela verdade. Acreditava que a filosofia acadêmica
contribuiria para uma melhor compreensão do mundo, dos homens, de mim mesmo.
Mais do que isso, me ofereceria certezas sobre isso: um grande equívoco. Se a
filosofia acadêmica fosse um instrumento de verdade, já mereceria descrédito
por ser acadêmica, elitista. Nietzsche criticou bastante isso, e ele não era um
filósofo de formação. Mas quantos filósofos de formação contestaram da mesma
maneira a prática filosófica universitária? Particularmente não conheço nenhum.
A verdade ainda é o grande mito da filosofia.</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 115%;"> A filosofia não constitui uma doutrina da
salvação do homem, ela não permite uma soteriologia. É justamente o contrário:
trata-se de uma reflexão sobre até que ponto estamos perdidos. </span></span><span style="background-color: white; line-height: 115%;">A filosofia não é um instrumento de convencimento. A retórica
é. A filosofia não nasceu com fins argumentativos em favor do filósofo ou do
que ele defende. A filosofia não defende, ataca. Um argumento nunca é um
ataque, é uma defesa. Argumentos não constituem a essência da filosofia, mas
sim a dúvida. O filósofo consiste naquele que lança dúvidas sobre argumentos.
Contudo, assim como o mais lógico</span><span class="textexposedshow">, parte do menos lógico, a dúvida parte de certezas. A
filosofia portanto, se desenvolve sobre o chão do senso comum, e em certa
medida, não pode se tornar totalmente independente dele. Sendo assim, quando um
filósofo parte de um argumento, ele não filosofa, contudo, quando questiona,
livre de argumentações dogmáticas, ele é autenticamente um filósofo. Em toda a
história da filosofia apenas um único homem consegui tal façanha: Sócrates. É
justo o título de pai da filosofia. Platão e Aristóteles, por outro lado,
partem de conceitos a fim de conferirem algum valor prático ao pensamento, o
que era impossível em Sócrates. E como Platão e Aristóteles, nós filosofamos
até hoje. </span></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-73431669830751563872013-02-24T12:23:00.003-08:002013-02-24T12:23:56.121-08:00Capítulo Seis de "Absinto"<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Recusaram-se a dizimar,
e progressivamente o número de fiéis que freqüentavam regularmente a
congregação diminuía. Não houve alternativa para a sobrevivência da igreja, que
diante de um mundo cada vez mais aberto ás inovações políticas da democracia a
favor do aborto, o casamento civil e até religiosos de pessoas do mesmo sexo,
se viu obrigada a aumentar o rigor do seu discurso, se recusando a se adequar
aos interesses sociais ou a assumi-los completamente. As opiniões divergiam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É reconhecido o
idealismo dos primeiros, dentre os quais eu fazia parte. Porém sem dinheiro,
com o tempo não chegariam muito longe. O segundo grupo, porém, era mais
pragmático, e portanto, teriam todo o dinheiro e apoio que quisessem. O grande
desafio consistia em adequar a mensagem evangélica aos interesses políticos que
vingavam, o que inevitavelmente gerava um estranhamento social compreensível,
pois afinal, para muito gente o cristianismo era sinônimo de intolerância. Para
essas mesmas pessoas isso não consistia uma questão de opinião, mas de verdade.
Quando parte da igreja resolveu assumir um discurso mais liberal, ganhou uma
multidão de adeptos, porém, muito desconfiados. Tratavam-se mais de curiosos do
que homens de fé efetivamente. Uma justificativa espiritual para suas liberdades
os livrariam da culpa provocada por uma herança cultural e religiosa mais
conservadora. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Era evidente uma reação
do outro lado: evocaram a condenação ao inferno para todo aquele que se
recusasse a pagar o dízimo. Uma nova forma de indulgência que garantiria a
sobrevivência da ortodoxia evangélica, que por outro lado, teria que se
contentar agora com a diminuição dos seus luxos. O inferno. A maioria nem mais
acreditava mais nisso. Nem mesmo as crianças, ignorando o que afirmava o
discurso religioso oficial como ultrapassado, pois não era científico. Pensei:
o que seria científico no cristianismo afinal? Pois nessa categoria não poderia
se adequar céu e inferno, a imortalidade da alma e até o próprio Deus. Pensei
que se o cristianismo ousa reclamar para si algo de científico ele não
sobreviveria. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-13212801671480814162013-02-19T18:13:00.003-08:002013-02-19T18:15:34.262-08:00É Possível Defender o Cristianismo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdzRBix4sobfdZZx5_vG16ocEdvO4G1L9eaN1Un1HdaBrB5GtaZ0xsrH3cIOkWhJGXkb9JWxJCrM8pLkyTTzvxIQJBNcer4EtS7KPfmQ3Gh0JfMMzlZlNBUzEZJy1-x7EvO_oEGEHNgpG/s1600/crist.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdzRBix4sobfdZZx5_vG16ocEdvO4G1L9eaN1Un1HdaBrB5GtaZ0xsrH3cIOkWhJGXkb9JWxJCrM8pLkyTTzvxIQJBNcer4EtS7KPfmQ3Gh0JfMMzlZlNBUzEZJy1-x7EvO_oEGEHNgpG/s320/crist.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">“Vê-se agora que
extraordinária tolice se comete defendendo o cristianismo, como se trai assim o
restrito conhecimento do homem, e com essa tática, ainda que inconsciente, tem,
sub-recipticamente, partida ligada com o escândalo, fazendo do cristianismo uma
coisa tão lamentável, que por fim é necessário advogar a sua causa para o
salvar. Tanto isto é assim que o primeiro inventor na cristandade duma defesa
do cristianismo é de fato um outro Judas; também ele trai com um beijo, mas é o
beijo da estupidez. Advogar desacredita sempre. Suponhamos alguém que possui um
armazém cheio de ouro e que queira dar todos os seus ducados aos pobres – mas se
cai ao mesmo tempo na estupidez de começar a sua caridosa empresa com um
discurso, demonstrando em três pontos tudo o que ele tem de defensável, nada
mais é preciso para que seja posta em dúvida a caridade do seu gesto. Mas então
o cristianismo? Declaro incrédulo aquele que o defenda. Se crê, o entusiasmo de
suas fé nunca é uma defesa, é sempre um ataque, uma vitória; um crente é um
vencedor” (Soren Kierkegaard, em “O Desespero Humano”. Pg.388). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Digamos que você tenha uma razão – o melhor argumento de
todos, talvez de toda a história, que afirme a existência de um Deus bondoso
diante de um mundo mau e injusto. Que o seu argumento seja a melhor defesa do
cristianismo já inventada desde os escolásticos. Que esse argumento, enfim,
traga a paz de espírito necessária aos incrédulos e dúbios na fé. Encontrar a
paz de espírito num argumento consiste em pacificar-se ao ponto de entregar-se
ao comodismo e estagnação que esse mesmo argumento visa promover, pois
convencer é pacificar, e pacificar é alienar. Esse é o interesse de qualquer
dogmática, religiosa ou não. De ser no final das contas, instrumento de
conservadorismo. De que se o mundo é mau, que ele continue mau, contudo sem um
Deus cuja existência torne esse mal injustificável. Contudo, se o problema é
justamente o mal, se é ele o injustificável, Deus deixa de ser um problema, até
mesmo para ateus, pois se Deus não existe ele não pode ser culpado pelo mal,
nem sequer levado em consideração num argumento sério. Pessoas preocupadas com
o mal não se interessam por argumentos. Se interessam sim, por ações. De ateus,
de cristãos, de qualquer pessoa. Argumentos não podem mudar a realidade, podem
sim endossá-la. A melhor defesa de um cristianismo puramente teórico (Teo-lógico)
não suporta o choque com a realidade. Não há defesas racionais para o
cristianismo. Negar o cristianismo torna-se portanto um exercício de racionalidade,
afirmá-lo porém, um compromisso de fé, e isto não significa a aceitação
irrefletida de um dogma, mas sim na proposta que o dogma faz à ação. Fé é uma
ação e não uma teoria. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-32329204849223735182013-02-18T18:42:00.002-08:002013-02-18T18:42:51.171-08:00Deus Anárquico<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Particularmente, tenho uma visão dialética sobre a existência
de Deus. Deus existe, mas apenas no mundo em que ele cria. Vejo isso como uma
unidade em toda a bíblia, de gêneses ao apocalipse. O gênesis disserta mais
sobre a transformação de um povo nômade em sedentário do que sobre o verdadeiro
criador do universo e a origem do mal. Essa transição do nomadismo para o
sedentarismo não foi fácil, po</span><span class="textexposedshow">r uma questão muito simples: o Deus hebreu NÃO criou a Pólis.
A pólis (a cidade) é uma criação dos deuses. Dentro da Pólis o Deus hebreu
simplesmente não existia, ou no mínimo, era um entre os outros deuses. O
monoteísmo exige um mundo criado por Deus para que o próprio Deus exista nesse
mundo, daí a relutância quanto a sedentarização. Mas esse mundo não é
originalmente a Pólis. A sedentarização exige que o mundo de Deus seja a
cidade. Que Deus exista na cidade, e que por isso, assuma características
políticas e participe de sua lógica. Nasce a teocracia e mais tarde a Idade
Média. Nesse período, Deus não é visto como o criador da Pólis, mas como seu
soberano, como rei. Essa imagem vai se prolongar durante muito tempo, até a
ruína dos governos teocráticos, da teocracia judaica a Idade Média. A teocracia
muda de lugar: está nos céus, o Reino de Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se o Reino de Deus não está mais na Pólis, conseqüentemente,
os súditos desse reino tornam-se como no princípio, nômades. Ai está a mensagem
de Jesus. Deus não existe no Reino de César. Particularmente não interessam ao
cristãos provar que Deus existe no Reino de César. A lógica que movimenta a
Pólis exclui um Deus exclusivo e soberano, contudo, aceita uma pluralidade de
divindades menores. Diferente do nomadismo original de gêneses, os cristãos não
vagam por terras "neutras", por campos abertos, eles se inserem
dentro das cidades, até porque campos onde o nomadismo étnico seja possível é
praticamente inexistente na época. É preciso ser nômade nas cidades. Não ser da
Pólis estando nela.</span> É justamente o estar na Pólis e não ser dela que se
estabelece o conflito dos cristãos com o Império Romano. Os cristãos não
seguiam a lógica de administração pública. Embora envolva uma questão religiosa
(pois os deuses são os criadores da cidade) há também uma questão política, de
insujeição, pois se os deuses são os criadores da cidade, são criadores de suas
leis e de determinar seus representantes (soberanos). Os cristãos se negavam a
prestar culto litúrgico ao Imperador, conseqüentemente aos deuses.
Inevitavelmente eram vistos como anárquicos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Espalhados pelo mundo (nômades) mas inseridos nas cidades, os
cristãos fizeram que seu Deus ora assumisse a lógica das cidades, ora,
eventualmente, reagisse a elas. No primeiro caso ele se parece com um comunista
entre os cristãos comunistas, Judeu entre os cristãos messiânicos, Nazista
entre os cristãos alemães da segunda guerra, e etc., adequando-se a paradigmas
políticos. No segundo caso, pela sus raridade, destaca-se por questionar
qualquer paradigma político para Deus.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-2693087882967763712013-02-17T08:34:00.000-08:002013-02-17T08:41:22.183-08:00Capítulo Sete de Absinto<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Havia prometido e hoje
cumpriria sua promessa. Decidiu voltar a terra. Como assim entendia,
recompensaria os fiéis e puniria os maus. Julgaria a humanidade. Tanto de vivos
quanto de mortos, segundo suas ações. Condenaria os pecadores e laurearia os
santos com a entrada no paraíso. Sim, eu sabia quem ele era e tudo o que haviam
dito a seu respeito. Conhecia as polêmicas que envolverão seu nome, das boas às
ruins. Daquelas que mencionam dinheiro, sexo, obediência cega às autoridades
religiosas e politicagens, até outras bem diferentes, que falavam da bondade
que anônima na história, era feita por gente simples que nunca deixou de evocar
seu nome em tudo o que fazia. Gente que se sacrificou por pessoas que
simplesmente não conhecia. Que lutaram em seu nome, contra regimes políticos
tiranos, que evocaram até o próprio Deus como seus legitimadores. Pessoas que
se dedicaram a contestar a miséria de uns e a abundância excessiva de outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jesus voltou, e
percebeu que o mundo continuava o mesmo, ou até pior. Não esperava que o mundo
mudasse. Não esperava que os homens se tornassem melhores. Sabia que tal como
ele, sua doutrina seria ignorada, contraditada, corrompida das mais diversas
maneiras ao longo da história. Que sua crucificação ainda continuaria depois
dele. De uma outra forma. Jesus voltou e percebeu que não poderia julgar
ninguém, ou caso contrário, todos os homens estariam perdidos. Sendo Deus,
conhecia tudo o que se passava dentro dessa criatura que apenas agonizava de
dor. Que chamavam pecado uma infinidade de carências e que apenas o simples
hábito de respirar trazia angústia e sofrimento para muita gente. Era difícil
julgar assim. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A liberdade tornou o
homem carente de tudo. E quando os homens começaram a acreditar que havia um “tudo”,
que superava o medo da natureza e da morte, que havia uma forma adequada de
convivência entre os homens, foi inventado o conhecimento e estabelecida a
crença de que o conhecimento superava as carências humanas. Ele não superava,
apenas a tornava mais evidente. A economia impedia isso. Convencidos de que a
morte era a causa da fé em Deus, da moralidade com interesse em recompensa
futura, do céu e do inferno, assim como da própria busca de conhecimento, que
era em última instância uma luta contra a morte. Venceram a morte, e tudo foi
esquecido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Num segundo, a história
da humanidade passou diante dos seus olhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jesus chorou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ninguém o conhecia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tímido, me aproximei.
Reconheci as marcas dos pregos em suas mãos e pés. Brilhava intensamente. Foi
emocionante a sensação de conseguir olhar o sol de frente. Aproximei-me um
pouco mais: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Senhor?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele olhou para mim e
esboçou um sorriso. Mas os seus olhos estavam marejados e expressavam tristeza.
Minha língua travou. Comecei a gaguejar. Respirei fundo para dizer:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Não fica assim...
poderia fazer tudo novamente, não poderia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele olhou novamente
para mim e esboçou novamente o mesmo sorriso. Não me disse palavra alguma.
Estava preso em seus próprios pensamentos, olhando fixamente o horizonte. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Silenciei. Passei algum
tempo ao seu lado sem dizer uma palavra. Pela terceira vez olha pra mim:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Eu faço novas todas
as coisas. Sempre. Começarei tudo novamente. E tentarei todas as vezes em que
isso </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">for necessário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Imediatamente a luz que
o envolvia desapareceu. Tornou-se novamente um homem comum. Ele sorriu para mim
e saiu caminhando, descalço e sem rumo, e eu com lágrimas nos olhos, entendi o
que ele pretendia. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-924842514383793232013-02-12T18:55:00.000-08:002013-02-17T06:48:00.895-08:00Deus é Lógico?<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se compararmos com o início das
religiões, a lógica é uma produção moderna. Nasceu formalmente com os gregos e
possui uma história de adaptações. Tornou- se ao longo desse tempo, e a através
dessas adaptações, a chave hermenêutica da modernidade e conseqüentemente do
homem tal como o conhecemos hoje. Se Deus é uma produção cultural, a lógica
também é. Inevitavelmente o homem moderno não tem como escapar de interpretar o
mundo dessa maneira. A mesma lógica que afirma a inexistência de Deus
justamente por ser uma produção da cultura. Isso invalida tanto Deus quanto a
lógica que o nega como instrumentos de verdades. Caímos no agnosticismo. Algo
muito difícil e muito mais interessante para se trabalhar em ciência da
religião é justamente tentar entender a chave hermenêutica que permeia as
sociedades religiosas onde “Deus”(independente da cultura) representava a “verdade”.
Mais interessante ainda é entender como isso se manifesta nas religiões
monoteístas. Em suma, é tentar entender o conceito “Deus” a partir de sua
própria lógica. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nossa sociedade moderna foi
construída a partir de uma lógica que nós mesmos inventamos. Nessa lógica não
há espaço para um Deus, objetivamente falando. Sendo assim é sensato afirmar
que Deus não existe nesse mundo que criamos. Fora desse mundo, qualquer coisa
pode existir. Até Deus! Justamente porque o mundo existe antes da lógica, antes
das religiões, antes do homem. Antes do homem que apenas pode interpretar o
mundo através do próprio homem. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Muitos ateus de internet são
entediantes porque tentam comparar uma mentalidade religiosa com uma
mentalidade científica. Tentam comparar uma lógica com outra (isso se pudermos
falar numa lógica religiosa). O mundo é uma cobra que vive trocando de peles. Outros
pensadores são mais interessantes porque tentar avaliar a mentalidade religiosa
a partir delas mesmas. Dois exemplos simples: Max Weber com sua “Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo” e “A Essência do Cristianismo” de <span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ludwig feuerbach</span>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Defender uma lógica inata (e mais ainda, que é
possível conhecer essa lógica) é defender um paradigma pelo qual se encerra o
mundo. Se uma pessoa assim é não é religiosa, acaba defendendo a atual status
quo (ou pelo menos a sua forma mais atual, por onde se predomina o direito às
liberdades e etc). Se uma pessoa assim é religiosa acaba por ter que conciliar
a idéia de um Deus (predominantemente pessoal) com um mundo cada vez mais
tecnocrata e onde às liberdades individuais são progressivamente ampliadas.
Acaba tornando-se insustentável. Deus é lógico? Acho que não(alguns defenderiam alguma lógica pra Deus, pois assim ele assumiria uma identidade definida e não cairia numa pluralidade de deidades como poderia supor alguns), mas afinal,
também não acredito em nada que seja objetivamente lógico também. </span><br />
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O lógico será um
defensor do status quo. De maneira que o mais lógico será aquele que mais se adéqua
aos valores culturais predominantes. O nazismo, o fascismo e o comunismo
investiram pesado em propaganda. A propaganda enquanto instrumento para a transmissão
de ideologia, forma uma massa não pensante de reprodutores, cuja intenção é
torna a ideologia cada vez mais convincente. Cada vez mais lógica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vivemos no melhor dos
mundos? Se não, como defendia Voltaire, não há status quo defensável. Não há
uma lógica universalmente consistente. O caso de Kant com sua “Crítica da Razão
Pura” e Hegel com sua “Fenomenologia do Espírito” expressam o espírito de uma
época, mas não a antecedem concretamente. O reconhecimento que tiveram em vida
é uma prova disso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo, o mais lógico
sempre parte do menos lógico. Enquanto os mais lógicos expressam o espírito da
época que se vive, os menos lógicos são de duas categorias: os que defendem o
espírito de uma época que já passou, superada portanto (saudosistas) e os que
defendem os espírito de uma época que ainda não veio. São, portanto, utópicos e
gênios. A genialidade se corresponde com a utopia. Desse tipo, destacam-se
Nietzsche, Shopenhauer e Kierkegaard. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo, cabe ressaltar
que esses autores tornaram-se os gênios do nosso tempo. Do nosso status quo,
que se caracteriza em defender o indefensável. É lógico onde não há lógica.
Baumen deu um passo a frente em sua época (a nossa), assim como Kant e Hegel,
afirmando a “liquidez” de todos os valores e identidades. Embora importante,
não foi genial. O gênio tende a cortar o progresso de um tempo e iniciar outro.
E para isso ele não pode ser compreendido. Pelo contrário, precisa ser
contraditado e ignorado. Até ridicularizado. <o:p></o:p></span></div>
</div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-58582923015866827822013-02-11T12:10:00.003-08:002013-02-11T12:10:59.820-08:00Permite o Cristianismo uma Teocracia?<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Querem a presidência da
república!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fazer do Estado, igreja
e do presidente, pastor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nesse caso, não se
trata apenas de moralização, mas de doutrinação político-religiosa. Fez o mesmo
Constantino com o seu Império, que de uma forma ou de outra, subsiste até hoje.
Nesse caso, estão inseridas a educação religiosa nas escolas, a proibição do aborto,
a proibição da legalização da prostituição e o acesso a leis trabalhistas às
profissionais do sexo, assim como, alguns aspectos da PL 122 vinculados a
liberdade de expressão. Interesses cuja autoridade é legitimada na constituição
pela liberdade de consciência e religião. Mais ainda: na bíblia. Bem próximo
dos ideais da reforma. Próximo, mas nem tanto. A reforma protestante era
essencialmente religiosa, que por conta da união entre igreja e Estado,
tornou-se reforma política também. Contudo, com a hipotética separação entre
igreja e Estado, a bíblia não poder ser utilizada como instrumento de
legitimação política. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acontece que por ela
mesma, particularmente o Novo Testamento, não se justificam atitudes desse tipo.
Os cristãos do primeiro século não estava interessados em mudar o status quo,
principalmente na sociedade romana. Havia uma apreensão quando ao retorno de Cristo
que tornava desnecessário qualquer mudança nas estruturas sociais. Não se tinha
tudo em comum a fim de se alterar as estruturas sociais, mas sim por uma
questão de coesão social (logo de sobrevivência) entre os excluídos. Nesse
sentido, não há nada de utópico no cristianismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os cristãos se
mantinham autônomos da sociedade romana durante muito tempo. Eles evitavam a
própria inclusão, pois se negavam ao culto ao imperador e aos deuses protetores
das cidades. É por isso que os cristãos constituem em princípio uma minoria
ignorada, e posteriormente perseguida pela Império. Os cristãos ignoravam o
Império.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Seguindo o exemplo
desses cristãos, acredito que a autonomia entre os poderes – igreja e Estado -
deve ser mantida. Que o Estado legalize o aborto, a prostituição, a união civil
entre pessoas do mesmo sexo. Que os cristãos continuem a ser quem são,
ortodoxos ou não. É claro que não se pode viver em paz com isso. Cristãos
poderão ser presos por defender ideologias onde estejam inseridos valores mais
conservadores. Acredito que este seja o medo de uma parte desses cristãos, os
mais honestos, afirmo. Que a história novamente torne a se repetir. Por outro
lado, em nossa raiz cristã- americana, está o proselitismo. Inevitavelmente a
militância que torna valores pessoais em coletivos. Isto sim precisa ser
combatido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em resumo, não me
importo com um Estado laico. Não me importa lutar por ele, como alguns cristãos
mais liberais tentam fazer. Importa-me que o cristianismo esteja longe do jogo
político, que ele seja despolitizado. Talvez, a partir daí nos encontraremos
novamente como sua essência mais reveladora. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-28152134138259707812013-02-08T18:57:00.000-08:002013-02-08T18:57:16.936-08:00Apócrifo l<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Não. Eu não acredito na bondade humana. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O desejo por poder, status, qualquer e mínima forma de reconhecimento, ás vezes por nada, atestam o que afirmo. Gestos de bondade, que não sejam anônimos, são por mim desconfiados.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Não. Eu não acredito na bondade humana. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O prazer ao dinheiro. De ter tudo o que vier aos olhos é compartilhado por todos os homens. Ganância. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">A raça humana faliu!</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">E nisto incluo, homens e mulheres, heteros e homo, letrados e ignorantes, religiosos e ateus. Defender qualquer tipo de superioridade entre gêneros (homens superiores a mulheres e mulheres a homens, heteros superiores a homos, e homo a heteros, religiosos superiores a ateus e ateus a religiosos) é no mínimo defender algum tipo de elitismo que ultrapassa a condição normativa: é uma mentira evidente!<br /><br />Não tenho uma solução para isso. Nenhum ser humano tem. Acredito no Cristianismo por me exigir (de uma forma auto-imposta) a acreditar em algo que não acredito. Que a humanidade tem esperança. O que desejo profundamente, ás vezes mais, ás vezes menos, é a solidão. As pessoas estão se tornando progressivamente mais dogmáticas. Quero ficar longe delas. Quero ficar longe disso. Ás vezes mais, ás vezes menos. Sei que isso não é possível. Por ora, tento conviver com isso, até o mínimo possível.</span>Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-63131271999789440872013-02-03T16:29:00.002-08:002013-02-03T16:34:12.371-08:00Vivemos Numa Sociedade Judaico-Cristã?<a href="http://g1.globo.com/globo-news/milenio/videos/t/programas/v/adin-steinsaltz-fala-da-importancia-do-questionamento-da-realidade/2372945/">http://g1.globo.com/globo-news/milenio/videos/t/programas/v/adin-steinsaltz-fala-da-importancia-do-questionamento-da-realidade/2372945/</a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdY_FLJbMG-dtu7wKfOXMDvJbEOV7u2o9mRf_cEC7g_aK4_zPKZj4Kb0ZYdqzEFQO0khmRNgymulFyam71D0-MBgyakX5TfcOgA6eqhMuWxu2PapwcVa1G8Tz_Q5e57gZ3ghUYWdMVX3R/s1600/Adin-Steinsaltz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjdY_FLJbMG-dtu7wKfOXMDvJbEOV7u2o9mRf_cEC7g_aK4_zPKZj4Kb0ZYdqzEFQO0khmRNgymulFyam71D0-MBgyakX5TfcOgA6eqhMuWxu2PapwcVa1G8Tz_Q5e57gZ3ghUYWdMVX3R/s320/Adin-Steinsaltz.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">" O que está acontecendo no mundo de hoje, de maneira geral, é que ele não é judaico-cristão. O que vivemos não é um ambiente judaico, não é um ambiente cristão, nem mesmo - sejamos sinceros - um ambiente mulçumano. Nós estamos vivendo uma grande paganização do mundo (...) Antigamente havia um deus chamado Baal. Ele é mencionado no Novo Testamento, e a tradição hebraica o identifica como Mamon, di</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">nheiro. Veja esse grande deus. Ele não é maior do que qualquer santo de qualquer igreja? Veja a deusa. Na linguagem antiga ela era chamada de Astarte.É vênus. O sexo, o sexo libidinoso. As vezes, vemos coisas usadas apenas para seduzir.Mas ela não está se tornando muito maior do que todas as Marias?" (Adin Steinsaltz)</span>Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-51719255180956809262013-01-31T16:52:00.001-08:002013-01-31T16:52:41.963-08:00Carta a Um Jovem Budista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT5j2tm4n2e2iXQZ5ckp76hcVd3JjXheQ6zBAOQzDi5eScey0UdhhvaOtC3IRkopoYeDA4N3GzdlVPSUHuMUZBnwtESkkQkFWNusBGSg4BCfBvW-VEgOZnA9kwYzHpGDs_FhlD5eOQY4gl/s1600/buda.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT5j2tm4n2e2iXQZ5ckp76hcVd3JjXheQ6zBAOQzDi5eScey0UdhhvaOtC3IRkopoYeDA4N3GzdlVPSUHuMUZBnwtESkkQkFWNusBGSg4BCfBvW-VEgOZnA9kwYzHpGDs_FhlD5eOQY4gl/s320/buda.png" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Amigo,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assumir
em minha identidade o título de “cristão” consiste em sustentar aos olhos de
muitas pessoas uma história. Para alguns, idealista e poética, para outros,
materialista e maléfica. Aqui reside toda a ambigüidade que o termo socialmente
indica, o que para mim é perfeitamente compreensível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
cristianismo possui uma história, e conhecê-la é de certo modo reveladora.
Nesse aspecto, o tempo no seminário, aliado a um permanente questionamento da
minha fé, tornaram-se muito frutíferos.
A natureza da história do cristianismo nos convida a entender que nada
ou muito pouco dos ideais propostos por Jesus correspondem hoje ao que
entendemos como cristianismo. Que a bíblia sofreu uma série de adulterações
textuais, sem falar nos problemas inatos do texto devido a sua antiguidade e
dificuldade de transmissão ao longo da história. Que por toda essa dificuldade
torna-se impossível hoje compreender o que Jesus de fato fez e ensinou. Isso
parece bem desanimador. Por outro lado, consiste numa das primeiras descobertas
que um estudante de teologia faz num bom seminário. O choque é inevitável.
Todavia, essas mesmas descobertas não foram feitas por pessoas alheias a
religião, particularmente ao cristianismo. Adaptações e revisões foram feitas
diante dessa nova realidade. É inegável que o cristianismo vem sofrendo uma série
de adaptações e revisões desde sua origem. Essa transformação chamamos de
cristandade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
cristandade não é o cristianismo. Minha intenção com esta carta é propor uma
reflexão sobre essa diferença, até mesmo oposição entre elas e como
particularmente entendo o cristianismo e sua interferência em minha ética
pessoal. Falarei pouco sobre o budismo: a questão aqui não consiste em
justificar motivos pelos quais não sou budista, mas sim, porque sou cristão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
cristandade consiste na transformação do cristianismo em instrumento de
dominação política, econômica, social e moral, ou seja, consiste em fazer do
cristianismo um instrumento de poder. Quando isso aconteceu, o cristianismo foi
reduzido a uma dogmática que atendia aos interesses do império romano, seu conceito
de verdade tornou-se idealista e unilateral. A justificativa para isso estava
na formação de um canôn, uma coleção de livros sagrados, e posteriormente numa
hierarquia religiosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
que é a bíblia? A resposta a essa pergunta definiu a forma de interpretá-la
como um todo. Foi a cristandade a responsável em concebê-la, e os textos que a
compõe, particularmente o Novo Testamento, foram escritos para comunidades
culturalmente tão diferentes entre si, a fim de resolver problemas específicos
nessas comunidades, envolvendo questões morais ou a própria fé em Jesus como
messias, que seus escritores sequer tinham a intenção de escreverem um tratado
universal para os cristãos de todos os tempos. Os textos são situacionais. A
idéia de reunir esses textos culturalmente díspares trouxe sérios problemas,
seja entre as comunidades de onde esses textos vieram, seja para a formulação
de uma dogmática, ou seja, de uma doutrina oficial (e política) do que seria o
cristianismo de Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para
que você tenha uma idéia: Jesus é o messias. Disso todos os evangelistas
concordam. Mas cada um possui uma idéia diferente de messias: rei de Israel
(Mateus), o cordeiro de Deus que pagaria pelos pecados do povo (Marcos), o
“filho do homem”, o messias tal como descrito pelo profeta Daniel (Lucas) ou o
próprio Deus em pessoa (João). A teologia nasceu a fim de resolver esse
problema. Os teólogos eram em sua maioria antigos filósofos “convertidos” ao
cristianismo do imperador, que eram pagos para que de alguma maneira
harmonizassem esses textos tão diferentes entre si. Eles se utilizaram da
filosofia grega para isso. O cristianismo passa por um refinamento intelectual
(pois antes, tratava-se de uma religião minoritária destinada a párias sociais)
e sob a tutela da teologia e do imperador ganha status social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Muita
coisa do que compreendemos como cristianismo e sua visão de Deus nasceu nesse
período: O Deus simultaneamente onipotente, onipresente e onisciente, a
trindade, o sacrifício expiatório e etc. O império se torna cristão, a
teologia, que justifica o poder do imperador torna-se a mãe de todas as
ciências e a bíblia, torna-se a palavra literal de Deus. Particularmente
compreendo que debater essas questões como se fossem inatas ao cristianismo é
tolice. A bíblia é a palavra literal de Deus e a interpretação dos teólogos é a
correta interpretação dessa palavra. Contestar essa interpretação não era
considerado o mesmo que contestar os teólogos ou o imperador. Era o mesmo que
contestar Deus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
cristandade nasceu como simbiose da cultura Greco-romana e do cristianismo
transformado em instrumento de dominação política. A cristandade marcou o
início da civilização ocidental, inserindo na cultura um calendário “cristão”,
uma legislação civil “cristã” e etc. Qualquer outro tipo de poder, estranho ao
poder dominante, era facilmente reprimido: surgem as cruzadas, inquisição e uma
série de guerras religiosas. A reforma protestante mudou um pouco, mas não
completamente essa situação: a bíblia, do latim foi traduzida para a língua do
povo. A autoridade sobre a bíblia fora destituída de uma elite. Acontece que a
maior parte da população na Alemanha, na época era analfabeta e muito pobre.
Uma bíblia era muita cara. Os primeiros beneficiários dessa iniciativa da
reforma foram os nobres e os intelectuais insatisfeitos com o poder da igreja,
e que por isso apoiavam Lutero. A bíblia passa a ser lida entre esses primeiros
partidários da reforma (eruditos) não como palavra literal de Deus, mas como
literatura e com interesse científico. Muitas descobertas interessantes partem
daí: incoerências textuais, cronológicas e históricas tornam-se evidentes. O
valor espiritual da bíblia estaria fora dessas questões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Surge
uma segunda escola da interpretação bíblica, oposta ao ortodoxismo. Chamava-se
liberalismo. Essa corrente se caracteriza pelo estudo crítico do texto bíblico,
sem desmerecer seu valor espiritual que é reduzido a uma moral. Para um
liberal, a bíblia não é literalmente a palavra de Deus, mas sim o testemunho ou
o registro, totalmente humano, da experiência que um povo ou indivíduos tiveram
com o sagrado. Para um liberal, a experiência com o sagrado é mediada por
pessoas inseridas numa cultura específica, sendo assim, é a cultura (com seus
conceitos e pré-conceitos) quem vai oferecer uma forma específica à experiência
religiosa, que é universal. Sendo assim, os livros sagrados de outras tradições
religiosas são tão inspirados divinamente quanto a bíblia, apenas situam-se em
culturas diferentes. Para um liberal, a bíblia consiste num tratado de moral e
Jesus é um professor de moral. Todos os milagres são alegorias destinadas a
transmitir valores morais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
tarefa de um teólogo liberal (que não presta mais serviços a um império, mas à
ciência) consiste em reinterpretar esses mitos, tendo como referência a cultura
de onde vieram, traduzindo aos homens de hoje seu valor moral universal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Contudo,
o liberalismo ainda constitui a cristandade, aliada a revolução científica e a
promoção das liberdades individuais. O protestantismo liberal e progressista
sempre esteve vinculado ao poder político, particularmente na Inglaterra. Houve
uma reação a isso: grupos que ficaram conhecidos como pietistas ou
separatistas, que defendiam a separação entre igreja e Estado, bem como uma
“purificação” moral da igreja. No início foram duramente perseguidos, em
seguida, enviados às treze colônias americanas, junto com uma infinidade de
criminosos, a fim de colonizar as novas terras sem interferirem nos interesses
do Estado Inglês. Na América eles ficaram conhecidos como puritanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
puritanismo se caracteriza por restabelecer o ortodoxismo teológico no âmbito
privado, da consciência. Isso de deve ao conceito de pecado ser a principal
temática na época para sermões e na teologia. Fruto de uma interpretação dos
tempos que se estavam vivendo como ações de um Deus punitivo: epidemias, fome e
doenças contagiosas devastaram a Europa. Os impactos psicológicos dessas experiências,
foram transmitidas às gerações, principalmente na religiosidade. Que chegou à
América. Tal perspectiva era ignorada pelo protestantismo luterano. Essa
influência deve-se principalmente à Calvino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Calvino,
tal como os teólogos católicos, fazia do pecado um conceito jurídico (ele era
advogado por formação, não teólogo). Sendo assim, o pecado representava uma
inconformidade a certos padrões legais divinos. Nessas condições não havia como
evitar o moralismo. Lutero compreendia a questão de forma bem mais amena: o
pecado não consiste numa questão jurídica, do ato, mas existencial, do sujeito,
inerente à condição humana. Contudo, isso não representaria a perdição
absoluta. Pela fé Cristo torna-se o tutor do pecador, mas o pecador não deixa
de ser quem é. Não há moralismo em Lutero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Acontece
que, sem levar em conta ás missões católicas presentes desde o descobrimento
(fruto da contra-reforma), nós brasileiros fomos “evangelizados” por puritanos.
A visão que temos do cristianismo é oriunda deles. O proselitismo torna-se uma
outra questão nesse processo. Entre os puritanos a salvação não é pessoal, mas
coletiva. A salvação do indivíduo depende da salvação do grupo, mediada pelo
moralismo. O puritanismo é fundamentalmente imperialista. A salvação coletiva
está fortemente vinculada a interferência da religião na vigilância da moral
pública, isto significa, interdições ao interesse do Estado a legalização do
aborto, prostituição, uso legal das drogas, casamento civil entre pessoas do
mesmo sexo e etc. Para que essa interferência seja feita, horários na TV aberta
são comprados para doutrinação moral, assim como, torna-se comum a participação
de religiosos na política. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais
uma vez insisto: isso em nada se parece com o cristianismo. Pelo contrário, é
sua oposição. Para algumas pessoas o cristianismo está tão diluído na
cristandade que torna-se impossível uma distinção. Para algumas pessoas os
ensinamentos de Jesus estão tão sedimentado em outras tradições sintetizadas na
bíblia que sua doutrina é considerada perdida para sempre. Até onde se sabe,
Jesus não escreveu nada, e é muito provável que não tenha deixado nada escrito.
Depois de sua passagem pela historia, a partir do segundo século, surgiram
inúmeros movimentos, que embora muito diferentes entre si, definiam-se como
seguidores de Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Além
do mais, o problema “O Que é o Cristianismo?” não é novo, já era pré-existente
no primeiro século de nossa era, isso porque nem mesmos os discípulos sabiam
quem de fato Jesus era. É justamente desse problema que São Paulo trata em sua
teologia. O cristianismo não se trata efetivamente num conjunto de dogmas. Não
se trata na fé em conceitos. O cristianismo consiste na fé numa pessoa, Jesus
Cristo. E mais ainda: que essa pessoa, diferente de todas as outras, venceu a
morte. Esse é um ponto tão central dentro do Novo Testamento que todos os
relatos, embora divergentes em vários pontos, concordam na realidade da
ressurreição literal de Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Duas
colocações são necessárias sobre esse assunto: sabemos que a religião responde
a certas necessidades. Que a ressurreição, por ser tão importante para os
cristãos, responde ao problema irremediável da morte. O grande problema para o
cristianismo não é a existência de Deus, ou do pecado, do céu ou do inferno. É
a morte! Um problema concreto. A eternidade da alma, particularmente sugere não
a fuga de uma vida à outra, mas sim de que a vida é tão boa que não precisa
acabar. A mesma vida. Que a felicidade não está além, mas no aquém, pois
existir representa essa felicidade. A grande vantagem da eternidade é a
duração. Outra coisa bem diferente da vida, consiste nas circunstâncias em que
essa vida está situada: cultura, religião, economia, família e etc. Para a
maioria dos cristãos, a estrutura pela qual a vida está sendo sustentada não é
boa. Pelo contrário, é tão ruim que não mudará para melhor nunca. Que por conta
disso o mundo irá de mal a pior. Tanto que, caso exista vida após a morte, não
existe estimativa de voltar novamente para esse mundo. É por isso que a grande
maioria dos cristãos ocidentais mais ortodoxos não acreditam na reencarnação. Isso
respondeu a necessidade psicológica dos cristãos falarem do céu. Onde a vida
continua em circunstâncias novas, melhores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Outra
questão importante, é que objetivamente falando, mortos não ressuscitam. Sendo
assim, para qualquer pessoa de bom senso, crer na ressurreição de um homem com
pelo menos três dias de morto é um absurdo. Para o mundo helênico, antes da cristianização,
também. Isso nos permite compreender que antes da institucionalização, nem
mesmo uma ideologia o cristianismo representava, quanto mais uma religião. Um
movimento de párias, isto sim, que no império representava um número
inexpressivo e sem importância significativa. Um movimento destinado à
extinção. Se Jesus não ressuscitou, não há nada que justifique a sobrevivência
de um grupo assim. Se o corpo foi roubado da tumba pelos apóstolos e depois
espalhada a notícia de sua ressurreição, não há nada que justifique o fato de
muitos desses mesmos apóstolos terem sido mártires. Afinal, quem morreria
consciente por uma mentira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-46976794076380870672013-01-25T17:27:00.001-08:002013-01-25T17:27:23.978-08:00Jesus Lava os Pés dos Discípulos<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">† Leitura devocional: Jo.
13.1-20<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
sabia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> De onde veio e para que veio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sabia
que nada escaparia das suas mãos. Nem mesmo o poder da morte. Sabia também, que
para isso acontecer, sangraria. Seria escarnecido, humilhado, açoitado e
cuspido, ridicularizado publicamente. Esquecido por seus amigos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ele
sabia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E
mesmo assim, em sua última refeição, não deixou de ser quem era, o mais humilde
dos homens. Ele se ajoelha, e lava os pés dos seus discípulos. Os mesmos que
diante da cruz o esqueceriam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
do que humildade, o que havia entre Jesus e seus discípulos não se tratava de
uma simples relação de poder, mas de amor. O poder mede, controla, nivela,
separa pessoas, as classifica, as define. O amor não, pois o amor é o avesso do
poder, pois não exige nada em troca do que faz. Ele amou, e não esperava ser
amado em troca. Mas sabemos que além de Jesus ninguém mais é assim. O que nos
surpreende, pois qualquer instituição ou pessoa que se defina como herdeira do
seu legado, se compromete mais com o seu amor do que com o poder. E todo aquele
que se compromete com o poder, se compromete não com Jesus Cristo, mas com
aquele que possui em suas mãos todos os reinos da terra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-54856130320557686952013-01-19T17:17:00.004-08:002013-01-19T17:17:58.266-08:00"A Vida é Bela" de Roberto Benini<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK_aOlgOtxULj8hhpLk6lnOgzp93tTEF4C5bYTcheQfBSB0f-RXcIZ4KPbVjwq1ilC3hR2TZpgHqG9uRwNr_GFEL8vmxaiUNQwkj9OKcZtuzFgPLtQ0BX97APZt3q0BP1weTZ9EI3i6ULq/s1600/vida+%C3%A9+bela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK_aOlgOtxULj8hhpLk6lnOgzp93tTEF4C5bYTcheQfBSB0f-RXcIZ4KPbVjwq1ilC3hR2TZpgHqG9uRwNr_GFEL8vmxaiUNQwkj9OKcZtuzFgPLtQ0BX97APZt3q0BP1weTZ9EI3i6ULq/s320/vida+%C3%A9+bela.jpg" width="216" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O amor é mais forte do
que a morte, tanto que chega a zombar dela, assim como de uma infinidade de
sistemas políticos de promoção a essa morte. Mas não sem certa dose de melancolia.
Esse talvez seja o que há de mais intenso em <i>Roberto Benini</i> em seu filme “A Vida é Bela”. Tudo é muito
expressivo: um homem sem valor, encontra o valor que tem com a mulher que ama.
Com o tempo, cultivam um lar e um filho pequeno. Época da guerra e ele e o
menino são judeus. Vão parar no campos de concentração. Ela separada dos dois,
exige ir para o campo também, embora não fosse judia. O final é emocionante.<o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-6195729374607572052013-01-19T06:01:00.003-08:002013-01-19T06:01:59.750-08:00Cristianismo e Cristandades<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Embora
assuste a muita gente, o cristianismo nunca pretendeu ascensão social. Sempre
se aproximou das párias, dos iletrados, infratores, pecadores, injustiçados e
perseguidos. Sempre esteve ao lado deles. E por isso, em sua história, foi
considerado um movimento sem expressão. Com a helenização do mundo antigo, isso
tornou-se evidente: a fé na ressurreição de um judeu não se tratava de um
discurso válido num mundo cada vez mais racional. O cristianismo não se tratava
na defesa de uma ideologia. Sem expressão social o discurso cristão tratava-se
de um discurso sem credibilidade, portanto, ignorado, contraditado, ridicularizado,
esquecido, perseguido, pois reagia violentamente contra a noção cultural que o
mundo antigo tinha de verdade e bondade. Reagia contra aquilo que o mundo
antigo entendia como as coisas são ou deveriam ser. Não se preocupem com isso.
Esse mundo antigo, de tão antigo, continua se repetindo. Pensem bem: você
também não acreditaria se alguém pregasse a ressurreição de um Deus, que ao
invés de Jesus, tivesse outro nome. É o mais racional a se fazer. Acontece que
o cristianismo não se trata de uma doutrina filosófica ou teoria bem construída
sobre Deus. O cristianismo trata-se de uma experiência com esse Deus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
outro lado, oposto ao cristianismo está a cristandade, que consiste no
cristianismo descaracterizado por interesses políticos e econômicos. Ele está
interessado em ascensão social, e para isso, ocupa o lugar dos poderosos, faz
amizade com políticos e assume um discurso de moralidade. O discurso promovido
pela cristandade, tendo em vista os interesses das massas, é capaz de sujeitar
até os poderes do Estado, ou então o seu oposto, de deixar-se submeter aos
interesses do Estado. A cristandade assume o discurso da racionalidade, que não
é universal, mas localizada no tempo, e com ela, nasce a teologia, a
escolástica, a retórica, e sua proposta em sistematizar o cristianismo e
torná-lo culturalmente tolerável. Com o tempo, uma nova racionalidade contesta a
outra, e de tolerável, a cristandade se aproxima hoje, com a racionalidade
científica, de um novo absurdo. Mas confundiram a cristandade com o
cristianismo, sendo assim, o absurdo que é a cristandade, tornou-se a chave hermenêutica
para se interpretar o <i>absurdum</i> que é
o cristianismo. Não espere respeito de um mundo laico. Ele não terá pena de
você. O cristianismo não assume o discurso da moralidade ou da racionalidade,
mas sim da paixão. E alguns cristãos, tentando ainda algo que os convença a
permanecerem de alguma forma justificável em sua fé, enlouquecerão. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-24910634505092059182013-01-19T04:37:00.000-08:002013-01-19T04:40:53.176-08:00Abraão, Um Pagão?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxUIT3KkoPTidzAYVf4COzY10Ka7QH8GUf8G9EqD0PIm_5xsKXd8x4HP2wHK5nFelCzc51chzLWQGj_q7SfKGd1EGwiKEXceQhuC6NHFTjrHzUluovr-DFLgXhhdte4yYIT2m2SCzJX8RQ/s1600/wabraao2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxUIT3KkoPTidzAYVf4COzY10Ka7QH8GUf8G9EqD0PIm_5xsKXd8x4HP2wHK5nFelCzc51chzLWQGj_q7SfKGd1EGwiKEXceQhuC6NHFTjrHzUluovr-DFLgXhhdte4yYIT2m2SCzJX8RQ/s1600/wabraao2.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">“...
quando o áugere cumpre a sua tarefa e declara que o deus reclama o sacrifício
de uma jovem, o pai deve então, heroicamente, efetuar tal sacrifício. Ocultará
com nobreza a sua dor, apesar do desejo de ser o homem insignificante que ousa
chorar, e não o rei obrigado a agir como tal. E se, na sua solidão, o coração
se lhe enche de dor, não tendo entre o seu povo senão três confidentes, em
breve todos os súditos conhecerão o seu infortúnio e a nobre ação de consentir,
no interesse geral, o sacrifício de sua virgem e amada filha (...). A diferença
que separa o herói trágico de Abraão salta aos olhos. O primeiro continua ainda
na esfera moral (...). Muito diferente é o caso de Abraão. Por meio do seu ato
ultrapassou todo estádio moral (...). Não age para salvar um povo, nem para
defender a idéia de Estado, nem sequer para apaziguar os deuses irritados. Se
pudéssemos evocar a ira da divindade, essa cólera teria unicamente por objeto
Abraão. Assim, enquanto o herói é grande pela sua virtude moral, Abraão é-o por
uma virtude estritamente pessoal. (Soren
Kierkegaard em “Temor e Tremor”). <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É difícil deixar-se
convencer por Abraão, pois os deuses de outros povos, cada um à sua maneira,
exigiam jovens em sacrifícios. Sendo assim, torna-se difícil distingui-lo de um
pagão, de um adorador de ídolos, de uma ficção. Em que difere Abraão de um
simples camponês grego que igualmente entrega sua única filha para ser
sacrificada aos deuses? Os deuses exigem virgens, e em troca, garantem a
proteção da cidade contra os desastres naturais e guerras. Garantem boas
colheitas e rebanhos cada vez maiores. O pai, ao entregar sua única filha ao
sacerdote, embora a ame com todas as suas forças, com o seu coração partido,
prefere desistir dela pois sabe para que ela está sendo sacrificada. As colheitas
e os rebanhos, assim como a paz entre os vizinhos precisam continuar. Seu gesto
de desapego será visto como heroísmo e será recompensado por isso. Ele receberá
homenagens e serão escritas dúzias de canções e livros sobre seu feito. Mas ele
ama sua filha, e por isso prefere suportar em silêncio, até o fim de seus dias
a dor em perdê-la. Mas ele sabe porque a perdeu e os efeitos disso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Abraão não sabe de
coisa alguma. Deus lhe exige de volta o que lhe deu. Seu ato não defenderá o
bem de quem seja, nem mesmo o seu próprio bem. Sendo assim, nada pode
justificá-lo. Ele não será honrado ou terá seu nome louvado entre o povo. Terá
de suportar em silêncio sua dor. Não, Abraão não se iguala aos homens de seu
tempo. Foi-lhe exigido superá-los. Mas não sem dor, sem angústia, sem solidão.
Seu ato de fé o tornava um homem singular, como nenhum outro, em toda a
história. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-3130163892115575432013-01-18T16:28:00.000-08:002013-01-18T16:28:29.961-08:00O Preço da Liberdade<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Eis o Preço da Liberdade, </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Da escuridão da alma, </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">dos poucos amigos.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">De encontrar-se no mundo profundamente só. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Eis o preço da liberdade, </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Sem glória alguma, </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">sem qualquer tipo de honra ou nome.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Ausente dos nomes que estampam os livros de história. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;" /><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17.99715805053711px;">Esquecido no túmulo.<br />Jamais lembrado.<br />Para sempre adormecido.<br />Mas afinal, qual seria a importância disso?<br /><br />Eis o preço da liberdade,<br />e esse preço consiste em morrer,<br />como se não tivesse nascido.<br />Viver como se jamais morresse.<br />E não ser, para quem quer que seja, coisa alguma que mereça importância</span>Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-743610821906150030.post-30142157707108114432013-01-06T16:09:00.002-08:002013-01-19T04:39:55.605-08:00Moriah<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ2dcQ75cekIbzfNVt8sN5atedwbQd2vjYbn9r7Lw7ThEcnb3qeoHOcUkg2Fq25PnjkARLIxpR07DlhJePRn6DsiS2zS3R73NX8-fJiypTY5pQ6BuQ_jv4MmjF7cEAvlCPKpCozZQtUG6c/s1600/Abra%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ2dcQ75cekIbzfNVt8sN5atedwbQd2vjYbn9r7Lw7ThEcnb3qeoHOcUkg2Fq25PnjkARLIxpR07DlhJePRn6DsiS2zS3R73NX8-fJiypTY5pQ6BuQ_jv4MmjF7cEAvlCPKpCozZQtUG6c/s320/Abra%C3%A3o.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sabemos
bem até onde pode ir a natureza humana: homens maus podem matar e para eles não
há a mínima diferença de quem seja a vítima, contanto que isso os agrade, os
permita algum prazer, mesmo que entre essas vítimas esteja o próprio filho.
Homens bons também podem matar, desses que não ousariam agredir um inseto ou
sequer alterar o tom de voz contra alguém. Basta-lhes um acesso descontrolado
de fúria e são capazes de sacudir o mundo. Contudo, quando a tempestade passa, a
ira cede lugar ao remorso e talvez não há mais nada a fazer. Não há o que
concertar. Atos assim podem envolver a morte de quem se ama. Embora o amasse,
ele levou seu filho à <i>Moriah</i>, e em silêncio
seguia o seu caminho. Mas como dizer ao seu único filho que Deus o exigia em
sacrifício? Como dizer ao filho, quem embora seria ele, seu pai, o seu
carrasco, o amava? Como obedecer a Deus e imolar o filho seria o mais correto a
se fazer do que preservá-lo com vida? Isso não coloca o patriarca na tão famosa
lista de homens virtuosos que merecem ser imitados. Isso não coloca o patriarca
entre os santos e piedosos, mas entre os loucos e delinqüentes. Enquanto
prossegue até <i>Moriah </i>nada pode
justificá-lo, pois até mesmo Deus está emudecido e não ousa falar até que ele,
com a faca em punho, a erga aos céus. Que espécie de homem é Abraão? Bom ou
mau? Impossível defini-lo até que tenha realizado seu ato. Mas ele não realiza!
No caminho até <i>Moriah</i> Abraão está
moralmente suspenso. E nesse caminho, todos nós estamos com ele. A vida
constitui o caminho até <i>Moriah</i>. E se
tudo afinal não passar de uma prova? E se no fim de tudo, um anjo nos impeça de
entregarmos a Deus o que mais amamos? Mas e se ele não impedir? Enquanto isso,
prosseguimos até Moriah. <o:p></o:p></span></div>
Diogo Santanahttp://www.blogger.com/profile/14718488818716559885noreply@blogger.com1