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quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Que eu Diria à Mulher da Minha Vida



Durante muito tempo evitei escrever cartas de amor. Chorei por mulheres que não me amavam e por causa delas o meu coração se fechou. Enquanto eu as divinizava, elas eram apenas humanas. Um homem que diante de uma bela mulher se tornava novamente criança e cada vez que era rejeitado por uma delas envelhecia uns cinqüenta anos. 

Posso acordar com um beijo e um sorriso ou então com a sua cara emburrada por ter esquecido o dia em que nos beijamos pela primeira vez. Sabe que eu não sou perfeito. Quero uma companheira para a vida inteira.  Aproveitar com você o que me resta da juventude, dividir os problemas da vida adulta, envelhecer juntos, e chegar à conclusão que com você a vida foi muito boa, que valeu a pena. Isso inclui nossas brigas e todas as vezes em que eu recusei falar com você ou você comigo por algum motivo banal. O que inclui os momentos onde fomos tentados a desistirmos um do outro, e as lágrimas maiores e mais intensas que os momentos de alegria. A minha vida foi boa porque você fez parte dela. Isso é o suficiente para torná-la bela e perfeita. Por você existir e o seu sorriso motivar forças em meu coração que eu não sabia que existiam. Saiba que quando eu morrer levarei para o túmulo a lembrança desse sorriso e dos seus olhos lindos. Eu morrerei feliz!

Te amo, com toda a intensidade do meu coração,
Diogo.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Deus Nos Amou


“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que Deus seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Evangelho de São João, capítulo 3, verso XVI).

Para Arthur Shopenhauer, em seu livro O Mundo Como Vontade e Representação, viver é sofrer. Para ele, sofremos porque queremos permanentemente sempre mais do que podemos ter. O homem é vontade e o mundo, assim como o outro, negação dessa vontade. A vida se torna, portanto, um grande paradoxo que essencialmente não pode ser superado, tornando todas as coisas essencialmente ausentes de sentido em si mesmas.  Por outro lado, pensa o filósofo, que a intensidade desse sofrimento está relacionada a complexidade dos organismos vivos: uma ameba sofre menos que uma planta, uma planta menos que um cachorro, e um cachorro menos que um homem. A intensidade do sofrimento é superior no homem porque sendo o seu organismo o mais complexo, tal complexidade o torna consciente do seu próprio sofrimento, assim como de seu fim eminente. 

Entretanto, Shopenhauer vai além. Se a intensidade do sofrimento entre os seres vivos é definida pela complexidade de cada organismo, entre os homens, individualmente, essa diferença será definida através da complexidade de cada consciência, o que se manifesta em termos de conhecimento. Sofre mais quem conhece mais. Desse modo, um erudito sofre mais que um indouto, e um filósofo, mais do que trabalhador braçal do campo. O romantismo clássico irá se inspirar em Shopenhauer na compreensão de que a pessoa amada é um sonho que não se pode alcançar. O amor é, portanto, sofrimento. Curioso como tais afirmações são anteriormente evidentes no novo testamento. 

O homem sofre, e entre eles, mais sofre quem mais é consciente desse sofrimento. Como simpatizante do budismo, Shopenhauer não poderia assumir em seu pensamento a imagem de um Deus pessoal onisciente, pois caso o fizesse, teria que admitir que se Deus existe e é onisciente, é o que mais sofre. Sofre mais do que qualquer homem, pois sofre de maneira absoluta, pois conhece o destino do homem mais do que ele mesmo. Taty Ades em seu livro Deus no Divã expõe a comovente imagem de um Deus que sofre pelo homem, todavia, inerte diante do livre-arbítrio, perde a esperança na humanidade e passa a eternidade dormindo.

Ele {Deus} se levanta, abre os braços e diz:
- Começaria tudo de novo! Eu não teria dado aos homens o direito ao livre-arbítrio, teria evitado todo o sangue derramado sob o pretexto de meu nome, teria impedido os trens de chegarem aos campos de concentração despejando milhares de crianças raquíticas e totalmente inocentes. Ah, por que não me joguei na frente daqueles trens?
Por que não pisei na Idade Média, esmagando-a com as mãos? Por que não retirei as bruxas das fogueiras santas... Santas? Como podem? Como podem? Blasfêmia, é só o que vejo. Blasfêmia e hipocrisia o tempo todo. Vocês usam o meu nome para derramar seus egos em forma de sangue; matam por fama e dinheiro; pisam nas terras de Lázaro sem saber que de fato ela é sagrada!

Eu poderia ter impedido a Primeira e Segunda Guerra Mundial, a escravidão, a fome, a seca, o medo daquela criança pedindo por DEUS... ah, como sofro quando me recordo daquela criança clamando pelo meu nome...
Quero um momento de paz, e que vocês parem de me usar dessa forma; quero que me olhem de frente e assumam seus pecados. Parem de rezar numa tentativa vã de limpar suas almas sujas e de destruir o que construí para vocês; devolvam-me em afeto, consideração, paz, devoção! 

Façam-me voltar a crer em vocês: ando tão cético, tão cético sobre vocês...

O Deus de João é um Deus que sofre tão intensamente que pelo objeto amado é capaz de tudo. Ele não fica inerte. Num ato de desespero, oferece em sacrifício o seu único filho, tal como Abraão que por exigência desse mesmo Deus oferece o seu. Abraão por amar a Deus oferece Isaac. Deus, por amar a descendência de Abraão oferece a Jesus. Sabemos pela história do patriarca que Deus não exige o sacrifício de Abraão, mas o mundo (a polis) exige de Deus o sacrifício de Jesus. Deus oferece aos homens uma prova de amor: seu único filho! E por meio dessa prova, uma promessa: a remissão dos pecados. Nas palavras de Lutero:

"Por isso, em essência, a missa (o culto) propriamente não é outra coisa que as citadas palavras de Cristo: “Tomai e comei” etc., como se dissesse: “ Olha, homem pecador e condenado, pela mera e gratuita caridade com que eu te amo, pela vontade do pai misericordioso prometo-te por estas palavras, a remissão de todos os teus pecados e a vida eterna, sem nenhum mérito ou voto teu. E para que estejas completamente seguro dessa minha promessa irrevogável, entregarei o meu corpo e derramarei o meu sangue, confirmando com a minha própria morte essa promessa e deixando-te ambas as coisas como sinal e memória dessa promessa. Toda a vez que o repetires, lembra –te de mim, anuncia e louva essa minha caridade e largueza para contigo, e dá graças".

Deus nos ama e por nós é desesperadamente capaz de tudo, inclusive perdoar nossos pecados, por maior que eles sejam. Isso é crer! Fé é confiar num Deus que é pura misericórdia. É também sentir-se carente dessa misericórdia. Deus nos ama, e por isso ainda acredita em nós. Em cada poema, bela melodia, em sorriso de mulher...