Seguidores

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Escritor de Sucesso


- Não há grandes escritores no Brasil. Afirmou o crítico literário da Albânia. 

- Não há grandes críticos literários na Albânia. Pensei durante a palestra. 

Me contive, e comentei com o palestrante: 

- Realmente, particularmente não conheço nenhum grande escritor brasileiro, pelo menos, vivo. Não ultrapassam um metro e setenta de altura. 

Toda a platéia sorriu.
- Há bons escritores albaneses? Pensei novamente. 

Terminada a palestra, provocado por palavras tão ásperas do grande crítico literário albanês, estava decidido que seria escritor, dos maiores. Mas como? Sem dinheiro ou fama, sem reconhecimento acadêmico ou qualquer amigo do meio, sem um único livro publicado. Sem mesmo uma boa idéia para um livro. 

Escrevi algumas crônicas. As enviei para amigos. Nenhuma resposta. Julguei tratar-se de crônicas ruins. Reescrevi essas crônicas. As enviei novamente. E novamente, silêncio absoluto. Criei um blog, que recebia visitas ocasionais, esporádicas, acidentais. Divulguei mini-cursos e palestras: ninguém se mostrou interessado nelas. 

Comecei a mentir sobre mim mesmo: divulguei palestras e cursos que nunca ministrei no Brasil e no exterior. Forjei fotos e inventei entrevistas fictícias à órgãos fictícios de imprensa independente do interior e de países desconhecidos como Nauru e Grenada. Em minha imaginação megalomaníaca visitei países como Estados Unidos, França, Alemanha e Espanha. 

Inesperadamente, recebo um convite real, para uma palestra numa universidade paulista. Congelei de medo. Aceitei o convite. Durante vinte minutos falei sobre “Escritores pós-modernistas no século XII”. Fui aplaudido de pé. Terminada a palestra, pausa para fotos, almoço com editores e uma visita aos pontos turísticos da cidade. Fui convidado para escrever um livro e prefaciar outros dois. Bons cachês. Boas amizades. 


Reconheço. Eu sou uma fraude. Desisti de escrever.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Promoção de "Biografia Anônima"

Quer ganhar meu livro "Biografia Anônima"?

Para participar é simples:

1- Siga o blog "Diálogos"

2- Siga o meu Twitter: @Diogo_Santana_X

3- Siga o meu Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100002942455681#!/profile.php?id=100002143238494

Ás 12:00 de domingo serão sorteados dois (2) exemplares do livro.


Participe!







domingo, 11 de setembro de 2011

Gênesis (Primeiro Capítulo)

Olá Caríssimos,

Segue o primeiro capítulo de um livro que estou escrevendo. Espero que gostem.

Um abraço,

Diogo.

  •  



Capítulo Um


No princípio.
É equivocado quando pretendemos dar um início às coisas. E um fim também.
Memória: o impulso em querer contar e registrar os acontecimentos no tempo, mediante a consciência da nossa própria finitude.

No princípio nenhum princípio havia. Não havia coisa alguma. Mas não queira entender, nem mesmo tente, pois nesse caso, não há coerência algumas nas respostas que virão. Novas perguntas. Não há lógica. Transgrida a lógica. Há outras partes de você que pensam. Não as deixe mortas, pois talvez, elas serão esquecidas para sempre.

Imagine um mundo onde seria impossível envelhecer e os olhos já não exigissem um belo par de óculos. Onde não houvesse mais qualquer tipo de doença e a morte definitivamente houvesse sido vencida. Um lugar onde contar o tempo se tornou uma brincadeira. Onde não se fazem mais aniversários. Da mesma maneira não se fazem mais filhos. Herdeiros seriam desnecessários. Reproduzir significaria o caos para a economia global. Sexo só por divertimento. Onde não existem mais casamentos. Onde não existe mais amor. Um mundo onde seria impossível morrer, a maior diversão seria a dor. Esse lugar existe e foi criado pelos homens, só que eles mesmos se esqueceram disso.

Luz. Uma profunda dor nos olhos. A imagem embaçada aos poucos ganha contornos definidos. O absurdo consiste em se estar num lugar sem se ter idéia do motivo e das circunstâncias. Começo novamente onde tudo terminou. Entretanto, não sei dizer o por que. Minha última lembrança consiste justamente no céu estrelado, que pouco a pouco fora sendo tomado pela escuridão. Estava morrendo, e o pavor diante dessa circunstância me angustiava intensamente, pois mesmo diante da morte não há homem que não deixe de pensar no futuro. Morrer consiste pois num salto para o futuro, todavia um salto ausente de qualquer espécie de perspectiva, deixando assim a sensação de desamparo e insegurança, de profundo terror.

O futuro? Não saberia mais dizer. Até estar nele.

Há um futuro pior do que a morte. Um futuro pior do que não ter futuro algum. O inferno será um paraíso e os homens bons serão os mais cruéis da terra. Pior do que morrer é nascer no mesmo e velho, e decadente mundo. Pior do que morrer é não morrer mais.

Eterno!

O que seria viver para sempre? Sinceramente não sei. Sinceramente, não sei se há algum homem que saiba.

Imortalidade! Por ironia, uma arma nas mãos de uma criança, todavia, mesmo não lhe conduzindo ao fim, lhe devolve perpetuamente a mesma experiência de dor e sofrimento.

Saindo de um bar, à luz do dia, um grupo de três amigos, bêbados e eufóricos me chamou a atenção. Todos banhados de sangue por todo o corpo com um cheiro forte de álcool. De longe, pensei se tratar de baderneiros assassinos. Mais perto pude notar que um deles, com um dos olhos vazados, e com a boca cheia de sangue, ria intensamente. Os outros dois, de igual modo, cheio de cortes profundos pelos braços e pernas, também riam. Divertiam-se lançando violentamente a cabeça do companheiro contra uma parede, deixando nela um rastro de sangue e miolos. Divertiam-se com a dor de si mesmos. Não pude deixar de vomitar ao assistir a cena.

Em outra, cerca de quinze pessoas, reunidas na praça à noite, festejavam sob o corpo nu de um ser que não saberia definir o sexo. Estava coberto de sêmen e outros fluídos corporais da pior espécie. Todos pareciam felizes, inclusive, o objeto de tal escárnio. A festa encontrou seu ápice numa expressão de canibalismo. Lentamente: costelas, pernas, estômago. Sendo devorados com a mulher (?) ainda viva. Ela não morreria, mas naquele momento senti que alguma coisa dentro de mim morreu.

Definitivamente, embora muito parecido, eu não estava no mesmo mundo que conhecia. E de fato eu não estava. Pensei tratar-se do inferno. Ora, mas o inferno não seria um abismo de fogo por onde as almas agonizantes não cessariam de pedir misericórdia e perdão pelos seus pecados?


Não há mais terra, ar puro, plantas ou animais. Não há mais chuva ou crianças que brincam com poças d’água e que se atrevem a jogar futebol na lama. Desconhecem a beleza da primavera e das outras estações. Desconhecem a beleza das montanhas e do céu matutino no verão, sendo aos poucos iluminados pelo sol. Não existe mais o sol. Apenas um mundo feito de aço, concreto e muitos circuitos elétrico-neurais. Não existe mais homem. Há alguma coisa no lugar dele, uma coisa que eu não sei o que é, e tenho um profundo medo em tentar descobrir. Sentado no alto de um prédio, e vendo a multidão sempre apressada, chorei intensamente em compreender isso. Por aqui ninguém chora. O problema não está em mudar. O problema está em sempre ser o mesmo.

Quando muito jovem, andando distraído pela rua, olhando despreocupado vitrines e pessoas, deparei-me com uma loja de produtos esotéricos, com um cartaz na porta que dizia: “Lê-se a mão: descubra seu futuro e se prepare para ele”. Por curiosidade resolvi entrar. Fui atendido por uma senhora idosa, muito simpática e bem vestida. O interior da loja exalava incenso. Paguei a consulta. Silenciosamente ela faz uma oração e pediu que eu erguesse a minha mão direita. Enquanto olhava fixamente para minha mão, percebi que discretamente começava a contorcer o rosto em sinal de preocupação.

- O que está vendo? Ansioso perguntei.
- Espere um pouco. Ela respondeu.
Por um momento abandona minha mão e abre o tarô que está ao lado. Pede que eu embaralhe e escolha as cartas. Ela tem um susto. Dessa vez mais evidente.
- O que a senhora está vendo? Há algo de errado comigo? Novamente perguntei.
- Sinceramente menino? Ela disse com um suspiro.
- Não se preocupe, diga. Respondo tentando acalma-la.
- Eu não vejo nada.
- Nada?
- Nada. Estou sendo sincera com você. Não vai pedir o dinheiro de volta, vai?
- Não senhora, reconheço a sua honestidade. 
Saio da loja interiormente contrariado e confuso. Hoje entendo o porquê.





domingo, 4 de setembro de 2011

Eu Posso Mudar o Mundo


Eu Posso mudar o mundo.

Quando pequeno me disseram que não.

Quando pequeno, me disseram para ter bom nome e emprego.

Me disseram para ter um invejável salário, e um carro.

Duas ou três esposas (contanto que uma não saiba da outra)

E uma multidão de filhos.


Que o mundo estaria satisfeito se eu apenas plantasse uma árvore e fizesse algumas obras de caridade.

Que eu me negasse a ter inimigos.

Pois bem, o mundo não mudou e eu não mudei também.

Quanto tempo eu perdi? Uns vinte anos!


Eu posso mudar o mundo.

Posso o fazer virar do avesso.

Não me importa o bom nome, não me importa o dinheiro,

Não me importa os inimigos.

Eu quero fazer a minha história!