1- Acredito em Deus e na sua completa transcendência. Isso o distingue da objetividade e longe da possibilidade de investigação pelas ciências, da razão instrumental e do uso que de seu conceito fazem as culturas.
2- Acredito, contudo, como atestam as escrituras, que esse Deus, radicalmente transcendente, se encarnou.
3- A encarnação não tornou Deus imanente ao mundo natural, pelo contrário, manteve a distância entre criador e criatura, conservando assim ambas as naturezas, dialéticamente unidas.
4- A transcendência encarnada, segundo as escrituras, isto é, Jesus Cristo, constitui essa unidade dialética, onde a eternidade entra no tempo e Deus passa a habitar na história. Contudo, Deus, que é transcendência e por isso eternidade, não se torna totalmente temporal e histórico, logo, Jesus não constitui um simples homem preso a uma cultura e um tempo. Sua mensagem portanto transcende a cultura a que foi dirigida. Ela se dirige a todos os homens.
5- A transcendência encarnada, conservando sua natureza, é escândalo ao mundo, se opondo violentamente (totalmente) a ele. "Mundo" segundo o Novo Testamento, pode seguramente ser compreendido como "arquia" ou "instâncias de poder, de governo". O político propriamente dito.
6- O divino é antagônico ao político. Deus é antagônico ao mundo. Sendo assim, qualquer instância política que se autodenomine divina ou sagrada, constitui uma falsificação.
7- Como atesta Tiago 4.4: " Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus".
8- A instituição Cristã, enquanto ordem submissa ao poderes políticos, com hierarquias, disciplinas e outros elementos estranhos ao evangelho, constitui uma falsificação do conceito cristão de ecclésia (assembléia). Jesus Cristo é o criador da Ecclésia, Constantino, o criador da instituição cristã, ambos completamente diferentes entre si.
9- Tais falsificações são atestadas por diversos autores: a fé (relação pessoal e exclusiva com o sagrado) é substituída pela segurança dos dogmas oferecidos por rígidas teologias e sermões dos clérigos, excluíndo a responsabilidade pessoal de cada indivíduo em responder por conta própria o que é o cristianismo (Kierkegaard). Em moral, o uso da violência é amplamente utilizado por uma instituição que se denomina promotora da paz (Tolstói). Frank Viola se dedica em expor a diferença cultural entre ecclésia e instituição cristã. Jaques Ellul e Vernard Eller, mais conceituais, procuram identificar tanto na tradição religiosa hebraica, como no Novo Testamento, uma mensagem originalmente libertária, em suma, em expor, porque o cristianismo, desde sua formação primitiva como uma seita judaica por Jesus de Nazaré até os dias de hoje, é essencialmente anti-estatal, anti-hierárquica, anti-tributária (coletivista) e anti-institucional.
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