Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (Mt.6.24).
É quase uma regra que homens que amam acentuadamente o dinheiro não sejam homens de bem. Sempre acreditei que alguns de seus gestos desinteressados de bondade nada mais significassem do que uma boa estratégia de marketing, querendo isso ou não. Dessa maneira, um homens verdadeiramente benevolente e um homem de negócios jamais poderão constituir uma mesma pessoa. Boas virtudes não são características que marcam um homem havido por lucro, e numa época marcada pela ascensão do capital, homens que cultivam boas virtudes costumam passar anônimos pelo mundo e a não deixar história.
Se o antigo capitalismo (de Adam Smith a Karl Marx) incentivou nossos pais a conquistarem o pão de cada dia através do conflito (seja entre mercados ou classes) e do acúmulo injustificável de bens, o novo capitalismo, porém, nos incentiva a conquistar seduzindo. É a velha arte da prostituta. O bom capitalista sabe que a maior fonte de riqueza consiste na promoção dos vícios dos homens. E consequentemente a propagação de suas misérias.
O novo capitalismo consiste em não conferir um valor específico a nada. É originalmente fruto de um processo social de niilismo. O capitalismo se destaca por conferir valor apenas à produtos. Somente o produto têm valor. No antigo capitalismo o valor é definido pela demanda. No novo capitalismo se estabeleceu a estratégia de se criar demandas, mesmo quando estas originalmente não existam. Isso acontece através das campanhas de marketing através da mídia. A grande função do marketing é promover o produto, é conferir-lhe um valor a fim de que surja uma demanda. É conferir-lhe imagem. A imagem confere valor, cria produtos. Desse modo, não podemos separar o atual modelo econômico capitalista da cultura (do culto) a imagem, a aparência. Sendo assim, compreendemos que a pós-modernidade é compreendida por si mesma através de uma fenomenologia existencial dos fenômenos sociais, políticos, religiosos e culturais.
A imagem determina a condição de produto, dessa maneira, o capitalismo não faz concessões a essa regra. Isso inclui também pessoas. Corpos. Surge então uma verdadeira indústria da beleza, cujo extremo conduziria a indústria de sexo e prostituição. Em suma, pornografia.
Há uma infinidade de sinônimos para a palavra grega pornéia: imoralidade, obscenidade, relações sexuais ilícitas e etc. Contudo, essas são definição propriamente cristãs ao termo. A melhor definição para esta palavra seria “prostituta”. Tal definição nos oferece um possibilidade bem mais ampla de significados, não se limitando apenas ao terreno do pensamento cristão, mas também pagão, dentre eles, os gregos e os romanos. Prostituição no conceito cristão consiste numa abominação, daí os sinônimos posteriores de imoralidade, obscenidade e etc. Sobre a palavra “grafia” há um consenso geral. Simplesmente “imagem”, “registro”. Dessa maneira, pornografia seria simplesmente “imagem de prostituta”, produto. Em outras versões também encontramos “escritos sobre prostitutas”.
Consumir é um ato de prostituição.De se reder aos pés da imagem e por conta disso se tornar uma imagem também. Esquecer-se que se é humano e se tornar uma miragem de homem ou mulher que não possui valor algum. Lixo, tal como os dejetos do que consome.
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