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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dois Irmãos (Capítulo Um)

Dois irmãos, já idosos, dividem o apartamento da mãe, já falecida. Conseguiam sobreviver à custa de uma pequena poupança que ela deixou. Sérgio, o mais velho, nos seus cinqüenta e seis anos de idade, de temperamento mais tranqüilo e melancólico, dedicava-se a passar o dia a ler poesia e a escrever, a freqüentar livrarias e cafés. Museus e concertos de música, erudita e popular. Tinha poucos amigos e amores. Durante alguns anos, preparava um romance, mas até então, nunca havia o conseguido terminar. Não tinha pressa, não aspirava ser escritor, muito menos, ter a fama de um.

Carlos, o mais novo, nos seus cinqüenta e dois anos, de temperamento mais enérgico, preferia os bares, as mulheres e outros esportes como o futebol. Ultimamente procurava se casar, construir uma família e ter filhos. Julgava não ter encontrado ainda a mulher certa. Sérgio, no entanto, julgava ter encontrado a mulher certa, todavia, ela o desprezou. Resolveu então não se preocupar mais com isso, conservando certa amargura no coração, que no caso de alguém com a sua idade e saúde, poderia ser perigoso.

Carlos tinha por costume acordar cedo, normalmente às seis da manhã. Sérgio acordava tarde, era comum se levantar às dez. Carlos era otimista e risonho. Sérgio era pessimista e resmungão. Carlos era flamenguista doente, enquanto que Sérgio nem para futebol se importava.

Taxados secretamente de vagabundos pelos vizinhos, que os ignoravam. Exceto Carlos que constantemente era convidado por algum de seus amigos boêmios para uma noite de bebedeira em algum bar da lapa. Sérgio preferia o isolamento. Fora os livros, sua única diversão consistia em nos finais de semana, comprar uma boa garrafa de vinho, e sozinho, acabar com ela até dormir no sofá, perdido em seus pensamentos sobre a vida. 

Um comentário:

Nahor Lopes de Souza Junior disse...

Os dois parecem duas faces humanas de um mesmo ser... ora somos extrovertidos, ora fechados ao mundo...