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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dois Irmãos (Capítulo Três)

Afinal qual é o sentido da vida?
Se perguntava Carlos, enquanto corria pela manhã pelas ruas da cidade. Começava a perceber, que o tempo começava a vencer o vigor do seu corpo. Ele não era mais o mesmo. As farras de hoje não lhe pareciam melhores, ou até mesmo iguais às farras de quando era mais jovem. Nem mesmo o futebol, as mulheres ou até mesmo a bebida lhe proporcionavam o mesmo prazer de alguns anos atrás. Enquanto corria, percebeu que havia ficado velho. Parou para respirar. Sentou no meio fio da calçada. Olhou ao redor, sentiu uma leve tonteira. Achou que iria desmaiar. Foi andando pensativo pra casa. Aterrorizava-lhe a idéia de estar brevemente dentro de um caixão. Concluiu que havia jogado toda a sua vida no lixo.

Lembrou-se da infância, das brincadeiras de moleque. Não se conteve e começou a chorar. Ele queria ser de novo uma criança. Por outro lado, queria ter feito na vida algo que o tornasse reconhecido: uma família, um bom emprego que lhe permitisse alguma estabilidade, alguns filhos, alguma coisa para deixar neste mundo quando dele não pertencesse mais.

Resolveu mudar de vida: largou as farras, as mulheres, o futebol. Resolveu tornar-se um bom cristão. Sério, honesto e responsável. Entrou na primeira igreja que viu aberta, procurando o pastor:

- Queria ser um homem mais sério, mais responsável. Estou velho demais para sandices de adolescentes. Eu quero mudar entende? Como posso fazer isso?

- Se o seu objetivo é ser mais sério, justo e responsável, lhe aconselho a procurar outro lugar. Responde o pastor.

- Como assim? Bons cristãos são reconhecidos por sua seriedade e responsabilidade, não é?. Pergunta Carlos.

- Não, não. Bons cristãos são reconhecidos por sua cara fechada e falta de bom humor. Ironiza o pastor.

- O senhor como pastor não deveria me dizer uma coisa dessas.

- Gostaria que eu o enganasse então?

- Claro que não, mas eu pensei...

O pastor o interrompe:
- Jesus não se preocupou em nos tornar melhores adultos, mas sim, melhores crianças. Para pertencer ao reino é preciso ser uma criança. Religião é coisa de adulto, e por isso mesmo, de homens extremamente dedicados e responsáveis que não amam mais a vida.

Carlos percebeu que ele poderia ser jovem novamente. Dessa vez para sempre.

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