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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Deus e as Crianças

Correndo pela casa, é comum que crianças quebrem coisas, ou achem coisas. Objetos perdidos a muito tempo e que só não foram encontrados por falta de uma boa faxina: fotos antigas, livros e cds, roupinhas de bebê.  Numa dessas brincadeiras, os irmãos Henrique e Isabel e seu primo Ricardo, pulando para cima do armário de um dos quartos, encontram uma belíssima caixa de madeira, lacrada por uma tampa emblemada por uma escultura, também em madeira, de uma mão segurando o globo terrestre.

- Vamos abrir? Perguntou a tímida e indecisa Isabel.
- Claro! Respondeu Henrique.
- Acho que não é uma boa idéia. Retrucou Ricardo.
- Medroso! Vamos tentar abrir logo essa caixa. Henrique desafiou.

Enquanto Eduardo se ocupa em segurar a parte debaixo da caixa, os dois irmãos se ocupam em puxar a tampa. Utilizam toda força que possuem, e então, a caixa se abre:

- Está vazia! Disse Henrique surpreso, sendo o primeiro a olhar o interior da caixa.
- Tanto esforço para nada! Irritado, comentou Eduardo.
- Vocês sabem o motivo de mamãe e papai terem uma caixa dessas tão bonita, vazia, em cima do armário? Perguntou Isabel.
- É óbvio que não. Os meninos responderam.
- Queria que ela visse isso. A menina disse suspirando.
- Tá louca! Esbravejou Eduardo. Henrique riu.

Querendo chorar, mas se contendo, Isabel pergunta pelo pai, onde ele estaria. Imediatamente, do interior da caixa, salta intensa fumaça, e nela, a imagem que aparece é de um simpático senhor, com seu terno bem arrumado, voltando para sua casa a pé, depois de um cansativo dia de trabalho.  

Henrique então, também resolveu tentar:

- Onde está minha mãe?

A imagem que aparece é de uma jovem senhora, que como qualquer dona de casa, cuida do jantar em sua cozinha, aguardando a chegada do marido.

Eduardo, mais cético, filho de pai ateu e mãe cristã, resolve fazer um teste: 

- Onde está Deus?

Henrique e Isabel, chorando, dobram seus joelhos. Eduardo, atônito, diante de toda aquela nova cena continua de pé. Numa mistura de luzes e sons, as crianças acompanham em silêncio a criação de novas estrelas, novas galáxias, novos universos. Feitos por um homem que brilhava muito, de tal maneira que era difícil de olhar para o seu rosto. Mas não para suas mãos. Cada uma tinha uma profunda cicatriz. Henrique e Isabel se lembraram da história contada por seus pais, e reconheceram que ele é Jesus, e entendem que ele sempre está criando. A cena desaparece, e as crianças tentam entender o que fora tudo aquilo. Eduardo está sério. Mudo.

- Fala alguma coisa Eduardo! Implicou Henrique.
- Falar o que? Disse Eduardo assustado.
- O que você acha disso tudo? Henrique perguntou.
- Papai falou que isso são coisas da nossa imaginação. Nós somos crianças lembra? Argumentou Eduardo.
- Como não acreditar naquilo em que você mesmo viu? Henrique contra-argumentou.
- Não sei, só não acredito. Eduardo finaliza, encerrando a questão sem uma conclusão.

E as crianças então voltaram a correr pela casa.  

Um comentário:

Anônimo disse...

tem que para de ler os contos do mar morto. e a cabana.