“E
se aquilo que, para nós, mortais finitos, parece ser a descida de Deus para
junto de nós, fosse, do ponto de vista do próprio Deus, uma ascensão? E se,
como deixa supor Schelling, a eternidade fosse menos do que a temporalidade? E se a
eternidade fosse um domínio estéril, impotente, privado de vida, um domínio de
puras potencialidades quee tivessem que passar pela existência temporal para se
realizar plenamente? E se a descida de Deus para junto dos homens, longe de ser
um acto de bondade para com a humanidade, fosse a única maneira, para Deus, de
aceder a uma actualidade plena e de se libertar dos constrangimentos sufocantes
da eternidade? E se Deus só se atualizasse a si mesmo através do reconhecimento
dos homens? (Slavoj Zizek em “A Marioneta e o Anão: o cristianismo entre a
perversão e a subversão”).
Nenhum comentário:
Postar um comentário