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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Vida, Avenida: Reflexões Sobre o Carnaval


Não há nada que defina tanto o brasileiro em sua cultura e mentalidade quanto o carnaval. Aqui me cabe chamar a atenção dos filósofos, pois caso se interessem em identificar uma “filosofia brasileira” esta teria em tal festa popular uma temática bem extensa. O culto ao corpo, a valorização dos sentidos e o prazer imediato como valor fundamental. 

Há uma vida de verdade e outra de mentira; de fantasias, plumas, brilho, máscaras e prazer. Há uma vida de festa e outra de trabalho, de rostos sofridos e consumidos pela velhice antes do tempo, de cansaço e estresse. Há uma vida onde se predomina o desejo e a liberdade e outra onde prevalece a opressão e a obediência como forma de sobrevivência. Não gostamos dessa vida, e por isso, inventamos outra mais doce, e fugimos para ela, pelo menos, provisoriamente. 

Não há liberdade. Há entorpecimento. Não podemos privar o brasileiro de alegria, não tenho a intenção de evocar moralismos, contudo, é preciso evocar a alegria em sua autenticidade e não comprada a preço de sangue. No passado, essa festa, era feita pelos negros das senzalas por concessão dos senhores de engenho, hoje, os senhores são outros, mas os escravos continuam os mesmos. Nossa realidade se resume a corpo, fazendo dos nossos valores norteados apenas pela busca ao prazer. Alguns fazem da vida uma grande avenida, outros, um extenso corredor da morte. Não há esperança para nenhum dos dois, que em resumo, fazem da vida apenas uma agradável (ou não) espera para a morte.

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