Não
há nada que defina tanto o brasileiro em sua cultura e mentalidade quanto o
carnaval. Aqui me cabe chamar a atenção dos filósofos, pois caso se interessem
em identificar uma “filosofia brasileira” esta teria em tal festa popular uma
temática bem extensa. O culto ao corpo, a valorização dos sentidos e o prazer
imediato como valor fundamental.
Há
uma vida de verdade e outra de mentira; de fantasias, plumas, brilho, máscaras
e prazer. Há uma vida de festa e outra de trabalho, de rostos sofridos e
consumidos pela velhice antes do tempo, de cansaço e estresse. Há uma vida onde
se predomina o desejo e a liberdade e outra onde prevalece a opressão e a
obediência como forma de sobrevivência. Não gostamos dessa vida, e por isso,
inventamos outra mais doce, e fugimos para ela, pelo menos, provisoriamente.
Não
há liberdade. Há entorpecimento. Não podemos privar o brasileiro de alegria,
não tenho a intenção de evocar moralismos, contudo, é preciso evocar a alegria
em sua autenticidade e não comprada a preço de sangue. No passado, essa festa,
era feita pelos negros das senzalas por concessão dos senhores de engenho,
hoje, os senhores são outros, mas os escravos continuam os mesmos. Nossa
realidade se resume a corpo, fazendo dos nossos valores norteados apenas pela
busca ao prazer. Alguns fazem da vida uma grande avenida, outros, um extenso
corredor da morte. Não há esperança para nenhum dos dois, que em resumo, fazem
da vida apenas uma agradável (ou não) espera para a morte.
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