Segue o prefácio do meu próximo livro a ser lançado pela editora multifoco "Biografia Anônima", escrito pelo amigo e irmão pastor Jeferson André. Espero que gostem. Para baixar o primeiro capítulo deixo o link: http://www.4shared.com/document/j3SizLGo/Biografia_Annima.html
Um abraço,
Diogo.
Prefácio
Quando fui convidado para prefaciar este livro achei que não fosse capaz e, aproveitando que estamos sozinhos, confesso ainda não achar. No entanto, não quis fazer essa desfeita a um amigo tão querido, pois tenho acompanhado a caminhada de Diogo Santana, quem já me proporcionou leituras fascinantes.
Neste texto me sinto convidado a assumir meu próprio eu, a me reconhecer diante de mim e dos outros. A emocionante história de Biografia Anônima me ensina a comover-me com a minha própria. No entanto, a ausência de maniqueísmo me faz ver que não se trata da história de alguém em especial, mas do humano; esse ser complexo que povoa esta terra, que se confunde com deuses e demônios; que hora destrói, mas no instante seguinte cria. É um equívoco dissociar nossas ações de seus autores, intitular-se espirituais ou demoníacas quando, no muito, são meramente humanas. Outro equívoco é condenar o humano ao fracasso, pois o próprio Deus não o condenou. Por isso nos deixou sua palavra – a fé palavra – que se revela fonte de esperança ao humano, que enfraqueceu a si mesmo.
Fé, ingrediente indispensável para a receita da vida. Pois como já disse o teólogo ter fé é saltar no escuro, mas o que ele esqueceu de nos dizer é que caminhamos o tempo todo no escuro e, nunca sabemos onde poremos o pé no próximo passo. A verdade é que só os corajosos, ou inconseqüentes, às vezes saltam. E se saltam é porque acreditam ou que há um chão para detê-los, ou que suportam a queda. Admiro os que saltam, pela fé ou pela loucura; porque em nada se diferem, pois foi o apóstolo quem disse que Deus usa a loucura a fim de confundir a sabedoria. Pobre sabedoria, soberba e cheia de si mesma, a mais louca de todas.
Perigosa é a cultura do saber e do cientificismo que forma cirurgiões que aprendem, desde cedo, a dissecar a vida. Assim, separamos o trabalho da família, a sexualidade do amor, a fé do cotidiano, acreditando que esta fé pode ser muito útil nas celebrações de domingo, mas que em nada tem a ver com o dia-a dia. No entanto, a cultura da dissecação contraria a palavra de Deus que nos ensina a atar a fé/palavra ao punho e à testa, para que esta não seja por nós esquecida.
Em protesto a cultura da dissecação este texto propõe uma análise do humano a partir do próprio humano.
Não há outra maneira de falar de fé, moral, política, loucura, liberdade e amizade senão pela beleza da própria vida; do que se vive, do que se vê, do que se sente. E é com beleza que Diogo Santana nos propõe essa leitura; beleza esta que não se extrai das estruturas sociais, mas das relações humanas. Beleza que o humano recebe de seu criador.
Ao iniciar essa leitura me senti seqüestrado. Seqüestrado por mim mesmo. Pois Biografia Anônima é a história de outro alguém, mas poderia muito bem ser a do próprio Diogo, ou a minha, ou a sua.
Jeferson André.
Teólogo, pastor adjunto da Igreja Batista da Redenção, em Tomaz Coelho, no Rio de Janeiro.
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