Um casal estranho. Muito estranho.
Alguns vizinhos diziam que ele batia na mulher. Outros porém, afirmavam que era a mulher que batia nele. Particularmente, prefiro acreditar que ambos gostassem de se torturar juntos. Ela tinha um temperamento muito doce, típico das donzelas dos contos de fadas. Ele, de igual modo, era um cavalheiro. Seria incapaz de tratar alguém com rispidez. Sabia ser educado até mesmo quando se irritava.
É, realmente era um casal estranho. Muito estranho.
Inesperadamente resolvem se divorciar. Natural, se ambos não fossem membros de uma igreja que pregava a indissolução do casamento. Inevitavelmente o caso se tornou polêmico:
- A bíblia proíbe o divórcio. Contestou o pastor.
- Não, não proíbe. O torna impossível. Retrucou o esposo.
- Não compreendo então a sua atitude.
- É muito simples: “O que Deus uniu não separe o homem” é a máxima de Jesus. O que Deus uniu é impossível de ser separado pelo homem. Explica o esposo.
- Concordo plenamente. Afirmou o pastor.
- Mas o que Deus não uniu? É no mínimo sensato afirmar que nem todas as uniões foram feitas por Deus. Sendo assim, é possível que uniões realizadas pela ansiedade do coração dos homens sejam inevitavelmente solúveis.
- Como é o seu caso. Desafiou o pastor.
- Claro! Erros precisam ser corrigidos.
- Mas a bíblia só permite o divórcio em caso de adultério.
- O simples fato de se desejar secretamente uma mulher que não seja a esposa, já constitui um ato de adultério segundo o próprio Jesus. E mesmo assim, quantos casamentos persistem apesar disso?
- Pois então, você não pode fazer o mesmo? Não pode viver em perdão?
- Infelizmente não.
- Mas porque?
- Por que ela é homem.
Pela perplexidade encerrou-se o assunto.
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