Eu
não sou um escritor. Não sou aquele que
dizem que sou. Eu não sei o que sou. Ninguém na verdade sabe. Não sei bem
expressar as palavras, ás vezes tortas, ás vezes mortas, ás vezes
incompreensíveis, impronunciáveis. Tudo o que posso sentir, sinto e não posso
dizer. Talvez eu não tenha uma mensagem. Talvez ainda não saiba qual ela é.
Talvez ela sequer exista.
Eu
sou um mau escritor. Desses cujos livros poderiam ser definidos como uma
luxuosa brochura de papéis velhos. Que poderiam valer alguma coisa justamente à
homens que sabem que não valem nada.
Porque
insisto nisso? Não sei dizer. Impulso, delírio, vício. Minha morte. E também
minha ressurreição. No futuro, toda a minha obra será indiferente a mim mesmo.
Escrever é viver de outro modo e em outro lugar. Alguns definiriam isso como
divino, outros como demoníaco. É o preço que se paga pela solidão. Tentei, e
não posso mudar. Descobri que sou mudo, e o mundo ao redor de mim, é
completamente surdo.
Um comentário:
Entendo em gênero,numero e grau. Surdos para falantes e mudos para falantes surdos.
Postar um comentário