Mt.6.9-13.
“Venha o teu reino”.
É a oração de Jesus. Na realidade, é a expressão que sintetiza todo o pai nosso num único desejo: que se manifeste no mundo dos homens o mundo de Deus. Tal petição expressa uma urgência, e, portanto, um pedido de socorro. Com todo o avanço das ciências e transformações culturais entre os povos, não nos tornamos capazes de sermos fraternos sozinhos. Na realidade, nunca seremos. O progresso possui um dono, e este o defende com armas cada vez mais poderosas, e o vende à quem quer, ao seu preço. O resultado disso é exclusão, pobreza, marginalização. Nós fracassamos na tentativa de criarmos a sociedade perfeita.
“Venha o teu reino”, expressa todo o desejo de Jesus de que o homem receba ajuda, particularmente, o que mais sofre. E isso somente ocorre quando Deus passa a habitar no nosso mundo, num mundo onde Deus não existe, quando justamente, o seu nome é santificado em todos os espaços, divinos e profanos, no céu e na terra. Enquanto grito de socorro, a oração de Jesus expressa dependência absoluta da vontade de Deus. Que ela se realize no mundo. Contudo, a oração de Jesus não nos deixa vagueado sobre qual seria essa vontade. No reino de Deus, o homem não necessita lutar pela conquista do pão diário, com dor, sofrimento e calos nas mãos (conseqüência da queda). Em Jesus o nosso castigo é revogado, somos perdoados por Deus. No reino de Deus, é ele quem nos estende a mão e nos oferece o pão, justamente porque ele nos amou e antecipadamente perdoou o nosso débito.
Contudo, a manifestação do reino não nos exclui de uma exigência: o perdão. Na realidade, o reino de Deus não pode se manifestar sem o perdão. Jesus pede a chegada do Reino justamente por conta do perdão. Assim como perdoamos os nosso devedores, pedimos o perdão de Deus. Deus nos oferece o seu perdão porque reconhece que com o pecado, nos tornamos incompletos em nossa natureza, particularmente em nossa natureza moral. Deus nos perdoa porque não somos moralmente definidos. Deus nos exige o perdão para que o reino venha, porque nos motiva a compreender que assim como nós mesmos, o outro também não é um ser moralmente definido, o que lhe possibilita a oportunidade de sempre mudar de atitude. A questão é simples: o que Deus fez por nós, devemos fazer pelo outro. Isso é o Reino, e ele somente pode acontecer por intermédio de uma atitude nossa, de olhar o outro da mesma forma que Jesus.
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