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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Permite o Cristianismo uma Teocracia?


Querem a presidência da república!

Fazer do Estado, igreja e do presidente, pastor.

Nesse caso, não se trata apenas de moralização, mas de doutrinação político-religiosa. Fez o mesmo Constantino com o seu Império, que de uma forma ou de outra, subsiste até hoje. Nesse caso, estão inseridas a educação religiosa nas escolas, a proibição do aborto, a proibição da legalização da prostituição e o acesso a leis trabalhistas às profissionais do sexo, assim como, alguns aspectos da PL 122 vinculados a liberdade de expressão. Interesses cuja autoridade é legitimada na constituição pela liberdade de consciência e religião. Mais ainda: na bíblia. Bem próximo dos ideais da reforma. Próximo, mas nem tanto. A reforma protestante era essencialmente religiosa, que por conta da união entre igreja e Estado, tornou-se reforma política também. Contudo, com a hipotética separação entre igreja e Estado, a bíblia não poder ser utilizada como instrumento de legitimação política.

Acontece que por ela mesma, particularmente o Novo Testamento, não se justificam atitudes desse tipo. Os cristãos do primeiro século não estava interessados em mudar o status quo, principalmente na sociedade romana. Havia uma apreensão quando ao retorno de Cristo que tornava desnecessário qualquer mudança nas estruturas sociais. Não se tinha tudo em comum a fim de se alterar as estruturas sociais, mas sim por uma questão de coesão social (logo de sobrevivência) entre os excluídos. Nesse sentido, não há nada de utópico no cristianismo.

Os cristãos se mantinham autônomos da sociedade romana durante muito tempo. Eles evitavam a própria inclusão, pois se negavam ao culto ao imperador e aos deuses protetores das cidades. É por isso que os cristãos constituem em princípio uma minoria ignorada, e posteriormente perseguida pela Império. Os cristãos ignoravam o Império.

Seguindo o exemplo desses cristãos, acredito que a autonomia entre os poderes – igreja e Estado - deve ser mantida. Que o Estado legalize o aborto, a prostituição, a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Que os cristãos continuem a ser quem são, ortodoxos ou não. É claro que não se pode viver em paz com isso. Cristãos poderão ser presos por defender ideologias onde estejam inseridos valores mais conservadores. Acredito que este seja o medo de uma parte desses cristãos, os mais honestos, afirmo. Que a história novamente torne a se repetir. Por outro lado, em nossa raiz cristã- americana, está o proselitismo. Inevitavelmente a militância que torna valores pessoais em coletivos. Isto sim precisa ser combatido.
Em resumo, não me importo com um Estado laico. Não me importa lutar por ele, como alguns cristãos mais liberais tentam fazer. Importa-me que o cristianismo esteja longe do jogo político, que ele seja despolitizado. Talvez, a partir daí nos encontraremos novamente como sua essência mais reveladora. 

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