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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Raízes do Literalismo Hermenêutico Bíblico




“A opção de Javé por locais elevados não é infundada, porque, na condição de guerreiro, ele desce dos montes para combater os inimigos. Seu templo, conforme demonstra Levenson (seguindo Ezequiel, de modo particular), é espiritualmente idêntico ao luxuoso Jardim do Éden, onde ele se aprazia em  caminhar na tarde fresca.  Quando Adão e Eva são expulsos do paraíso (para que não se tornem deuses), o jardim continua a existir, guardado por um querubim. Por conseqüência, a destruição do templo de Javé foi também a obliteração do paraíso, que jamais voltaria a existir, a não ser que o templo fosse reconstruído. Mas se a própria Bíblia substitui o templo, então, o livro também substitui o paraíso, noção que talvez explique por que Ekiba insistia, com tamanha paixão, que o Cântico dos Cânticos, que é de Salomão, deveria ser canônico.  Incapacitado de caminhar no Éden ou de se regalar no Templo, Javé reside na Bíblia hebraica. Ali se sente tão confortável que pode prescindir o terceiro templo, a menos que atualmente (conforme a mim parece, embora não aos que ainda crêem na Aliança) que ele tenha se exilado até mesmo no deleite daquelas páginas”.

Harold Bloom em Jesus e Javé: os nomes divinos. Editora Objetiva. pp. 148.

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