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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Valor do Celibato

Todo casamento estabelece um compromisso de dedicação, exigindo de nós um temperamento de tolerância e menos exigente quanto a conduta do conjugue: caso contrário não haveriam exemplos de casais unidos por muito tempo, visando sempre a preservação da estrutura familiar. Atos considerados banais como lavar a roupa, preparar o almoço, cuidar da organização da casa e pagar as contas são em sua essência medidas internas de coesão familiar. Contudo, não são apenas os perigos internos (característico na ausência de responsabilidades no núcleo familiar) que desestabilizam a unidade numa família, há também problemas de ordem externa, que minam a estrutura familiar a partir de fora: assaltos, seqüestros, agressões verbais e físicas a algum membro da família. Talvez o grande ensinamento do casamento consiste em aprender a não pensar apenas em si mesmo, a se preocupar com o outro.  

Decidir-se por se tornar um pai de família e um marido exemplar diante de uma sociedade indiferente a tais valores é uma atitude louvável. Contudo, homens dessa espécie jamais poderão compreender a mensagem cristã em sua radicalidade. Se por um lado o casamento nos ensinar o valor da abnegação, por outro, seu defeito consiste exatamente em ser um ótimo exercício para se diminuir ou até perder o senso crítico. Um homem casado, por amor a sua esposa e filhos sempre será obrigado a medir o peso de suas palavras antes de pronunciá-las, dessa maneira, o impedindo de uma autêntica relação com a verdade. Um homem solteiro de comportamento semelhante (moderado no agir e no falar), por outro lado, apenas demonstra um interessa radical em preservar por mais tempo a sua própria vida: puro egoísmo. O honroso pai de família se aproxima do homem solteiro de hábitos moderados (talvez até mesmo um cristão exemplar) pelo desejo de proteção a si mesmo ou a sua família.
 Inevitavelmente o casamento obscurece o caminho concreto para a verdade, é exatamente por esse motivo que muitos filósofos e místicos se decidiram pela solidão. Um caminho difícil e doloroso, pois todos nós somos seres necessitados de afeição. É compreensível portanto, que muitos autênticos celibatários, por se tornarem demasiadamente críticos, se tornem também amargos, melancólicos, pessimistas quanto ao futuro.O filósofo alemão Arthur Shopenhauer, assim como alguns profetas bíblicos constituem exemplos dessa espécie de indivíduos. Esse é o real peso da solidão, e interiormente carrego também esse fardo. 

 Contudo, existe uma grande polêmica a respeito do celibato. Principalmente dentro das igrejas evangélicas. A reforma protestante outorgou ao ministro o direito de casar-se, contrariando a exigêao ministro o direito de casar-se, contrariando a exigo para a verdade, ta: assaltos, sequestros,ncia religiosa católica da castidade permanente. Por esse motivo, o celibato se tornou marginal no cristianismo reformado e evangelical, partindo da premissa de ser apenas um instrumento de defesa da instituição e sua perpetuidade ao longo dos séculos. Convenhamos, há o bom celibato e o mau celibato: o bom celibato nasce da tradição profética num chamado radical à exigência por justiça diante da opressão, independente das conseqüências geradas por tal apelo. É se oferecer em sacrifício à causa da verdade. É inevitável que profetas sejam mártires, e portanto, não poderiam ter filhos e uma esposa, caso contrário deixariam à mingua uma viúva e filhos órfãos. Profetas estão destinados ao martírio e dessa maneira são condenados a solidão. O bom celibatário é aquele que oferece a vida pela sua fé, sendo extremamente útil em lugares de extrema dificuldade de expansão da fé cristã, como é o caso da China, da Coréia da Norte e do Vietnã.
O mau celibato nasce justamente da má compreensão desse chamado: da sua institucionalização. A proposta de paz por meio da institucionalização de uma religião antes perseguida é tentadora. Quando isso acontece, martírios são desnecessários, a morte é desnecessária, a solidão também. Seria natural que o casamento fosse estimulado e concedido aos clérigos. Contudo, com tal privação, através da institucionalização desse costume, apenas expressa o desejo de se defender os interesses financeiros de uma instituição, assim como um pai protege sua família: é ausente de qualquer senso crítico. 

Infelizmente essa é a parte fácil do celibato. A parte mais difícil consiste na disciplina do desejo. Enxergar o sexo oposto como uma divindade possui como benefício gerar em nós um compromisso com a pureza quando vinculados com a fé. Fruto de uma mentalidade inocente e ingênua. Quando perdemos esse sentimento (pois é natural que surjam decepções), retiramos o objeto do nosso amor do pedestal, e passamos a enxergá-lo como um simples ser humano: cheio de defeitos, vícios, qualidades e virtudes. O amor romântico cega, ou pelo menos turva os olhos. A tolerância que se faz a humanidade do outro, nesses casos, como oriunda de um rompimento de expectativas, apenas expressa o sintoma de desprezo e indiferença e não necessariamente de aceitação. Expressa apenas que o outro deixou de ser atrativo justamente por ser humano e não uma divindade. Não é perdão. Como resultado as relações com o sexo oposto passam a ser reguladas ou a partir de afinidades naturais, gerando amizades ou então por puro desejo carnal. Podemos escolher deixar de amar uma mulher (as alternativas que nos levam a essa escolha podem ser inúmeras), contudo, bem mais difícil consiste em não deixar de desejar-la. Esse é o problema.

Infelizmente vivendo, ainda estou ainda à procura de mais algumas respostas e esclarecimentos....

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