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sexta-feira, 8 de março de 2013

Provocações Filosóficas ll - O Caso " Feliciano"



Historicamente os cristãos constituíram uma minoria. Um grupo irrelevante dentro do Império Romano. Acredito que hoje continuam sendo. Mas porque os cristãos constituíam uma minoria? Porque não se interessavam pelo poder político. Ignoravam o culto aos deuses protetores das cidades, ignoravam os imperadores, ignoravam as leis que buscavam inseri-los dentro da pólis romana como cidadãos. Algo considerado muito estranho na época. O mais estranho é que depois de Constantino, ao invés de fugir do poder, os cristãos passaram a amá-lo. Temem o que a ausência de representação pública lhes custou no passado: perseguição e morte! Dentro do poder, de minoria, os cristãos passaram a ser a grande maioria. De perseguidos a perseguidores. Sim, trata-se de uma vingança histórica. Em nenhum momento planejada pelo seu fundador. O cristianismo politizado é inconciliável com a proposta de amor incondicional, desapego e humildade. Não é cristianismo, porque o cristianismo de verdade, esse sim, continua sendo de uma minoria. Devo lembrar aos cristãos que o conceito cristão de pecado não possui valor jurídico, científico e até mesmo mesmo moral. Sendo assim, pecado não é o mesmo que um crime, uma violação das leis da natureza ou de imoralidade. Quem define o crime é a lei, quem define as leis da natureza é a ciência e o que é moral é definido pela cultura. Inegavelmente não vivemos numa cultura judaico-cristã, sendo assim, o conceito de pecado não pode definir o que é imoral na cultura. As leis jurídicas assim como as demais ciências (principalmente as da natureza e exatas) desprezam qualquer valor objetivo das religiões, sendo assim, pecado não poder ser o mesmo que crime ou um comportamento não-natural. Pecado é um conceito judaico-cristão que não possui nenhuma relação com política, mas sim, conforme salientou Kierkegaard, com nossa consciência de se estar a sós diante de Deus: algo pessoal, intransferível, e que determina a conduta pessoal, os valores pessoais, não coletivos.

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