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segunda-feira, 28 de junho de 2010

As Duas Mesas

† Iª Co. 11.23-29
Lc. 14.12-24.


Cristo nos convida hoje a participarmos de sua mesa. Uma mesa em memória de seu nome e sacrifício. Contudo, aos que observam de fora, que olham de baixo o Cristo da cruz, esta mesma mesa bem poderia expressar todo o horror, vergonha e pública humilhação de alguém que ousou amar sem medida aqueles que ninguém mais amava. Ele se fez o cordeiro, perfeito e justo, e se ofereceu em sacrifício, a fim de que muitos outros cordeirinhos, simples pescadores, mulheres, crianças, assim como uma infinidade de leprosos, cegos, aleijados, prostitutas e marginais sociais, não fossem mais sacrificados.

Cristo nos convida para a sua mesa de despedida, que diante daqueles que o amam faz prevalecer o sentimento de saudade e por isso também, íntima, porém segura esperança de seu retorno. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que venha (Iª Co. 11.26). Diante dessa mesa prevalece a saudade, e dela é participante todo aquele que o ama. Anunciamos a morte do Senhor até que ele volte, e isso nós fazemos hoje. Expressamos assim, com este ato solene de memória, a sua ausência no mundo.

Essa ausência, denuncia a recusa de um mundo em querer encarnar o divino na própria vida. E por isso, Deus é morto pelas mãos da sua própria criação. Se esquecem de que matar o criador é matar a criatura também. Crucificando a Deus, o mundo crucifica a si mesmo e se condena ao abandono. Entretanto, se longe do mundo, perto Cristo está de nós.

Contudo, há uma outra mesa. Uma mesa de festa. E dela mitos são os convidados. Homens bons, justos e religiosos exemplares que faziam de seus afazeres compromissos superiores ao convite do pai de família (em Mateus neste mesma parábola Deus é definido como rei e sua festa como as bodas de seu filho). Jesus se referia aos judeus que guardavam a lei, e acreditavam que por mérito conquistavam o amor de Deus, e por isso, também a vida eterna. Contudo, eles mesmos, se acham bons demais para irem a festa de casamento do filho do rei. Se acham melhores que o rei, e por isso, recusam o convite. Esse é o problema de se acreditar que podemos conquistar Deus pelo mérito: achamos que somos melhores que ele, e por isso, sempre estamos ocupados demais para o seu convite.

Contudo, quem são esses novos convidados? O evangelho de Lucas nos fornece a resposta:

E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia (Lc. 14.21-24).

São exatamente os cordeirinhos pelos quais Cristo morreu os novos convidados para a festa de sua ressurreição e glorificação. Sejam eles bons ou não. É esse o sentido de graça: é ser convidado para a festa de um rei quando pela ordem lógica e natural das coisas, tal convite jamais poderia ter acontecido. Principalmente quando não se é do tipo de pessoas que comumente são encontradas numa festa de casamento.

Ressuscitado, Cristo convida para a sua nova mesa. E dela, somente os excluídos são participantes. Aqueles que o mundo não amou. Somos convidados à mesa de Cristo com nossas falhas e imperfeições, com nossa cegueira espiritual e fraqueza nos pés que nos impedem de segui-lo com perfeição. Cegos e aleijados que participam das bodas de sua ressurreição e sua presença eterna no meio do seu povo.

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