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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Eterno e o Transitório


O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
Evangelho segundo São João, Capítulo XV, vss. 12-14


Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



O evangelho de João se caracteriza por longos discursos de Jesus. 

Jesus está deixando o seu testamento. Sua carta de despedida aos discípulos que amou e que por eles foi capaz de entregar a vida. Todo testamento atesta herdeiros e uma herança. Jesus sabia que iria morrer. Sabia também que sairia da sepultura, sabia também que depois da sepultura seria o mesmo, mas não do mesmo modo. Escrever um testamento seria inútil se o Jesus que morre fosse igual ao Jesus que ressuscita. Morre o grão de mostarda e nasce uma grande árvore por onde se aninham todas as aves do céu. Morre o humilde camponês Galileu, o servo sofredor de Isaías, porém o que ressuscita é o messias, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Senhor da glória.

Na cruz, uma parte de Jesus morreria para sempre. Jesus eterniza essa parte no coração dos seus amigos. É justamente esse Jesus que nos deixa um testamento. Um testamento de amor. Quando morremos, uma parte de nós se vai para sempre. Ela deixa de existir até mesmo na eternidade. Uma parte de nós que nasceu para ser transitória. E se sabemos que um dia a perderemos para sempre, somos convidados a amá-la intensamente. Agora. 

O humilde camponês Galileu perderia seus discípulos, e seus discípulos perderiam o seu mestre. E nós, com o tempo, perdemos também as pessoas que amamos: pai, mãe, irmãos, filhos, amigos. Jesus nos ensina a valorizar esses relacionamentos de uma forma intensa, urgente, imediata, pois na eternidade, eles simplesmente não existem. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar na verdade não há (Renato Russo).  

Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Mt. 22.30-32).

Soli Deo Gloria.

2 comentários:

Aline Mendes disse...

Acho que já vi isso em algum lugar....rsrs
Texto belíssimo como sempre né??

Anônimo disse...

Pow show de bola não tem como isso não ir pra frente meu mano... Vlw cara fica com Deus. Deus lhe abençoe muito...